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Médio Oriente

Kadafi, Saddam e não só, o Médio Oriente é feito de libertações que acabaram mal: “Os sírios devem estudar” ou terão o mesmo destino

Os países do Médio Oriente, mas não só, estão repletos de histórias de revolução e de libertação que originam, mais tarde, uma situação de caos que quase faz o povo sentir saudades dos seus poderosos ditadores. O facto de o islamismo ser o único modo de oposição que conseguiu sobreviver às ditaduras destes homens fortes também não pode deixar de inspirar cautela. À luz destes exemplos, pode a Síria acalentar esperança?

Militares americanos sobem ao topo de uma estátua de Saddam Hussein para derrubá-la, a 9 de abril de 2003, em Bagdade
Wathiq Khuzaie

Desde a extraordinariamente rápida queda de Bashar al-Assad, a comparação do acontecimento com a queda do Muro de Berlim tem sido estabelecida, e repetida. Porque o fim da era Assad (que se prolongava há mais de 50 anos) decorre de uma série de abalos na ordem regional - desde o enfraquecimento do Irão por Israel, e também do seu grupo proxy, o Hezbollah, além da distração do Kremlin com a guerra na Ucrânia -, e poderá ainda produzir réplicas no Médio Oriente, à semelhança do que aconteceu na Polónia, na Hungria e na parte Oriental da Alemanha, a partir de 1989. A comparação também é justificada à luz da derrota de uma ideologia: às portas dos anos 1990, morria - em teoria - o comunismo na Europa, e, em 2024, com Assad deposto na Síria, é enterrada a visão anti-israelita e anti-ocidental no Médio Oriente.