Nos anos da segunda Intifada (revolta palestiniana), uma das batalhas mais sangrentas travou-se no campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia, território que Israel ocupa há 56 anos. Em abril de 2002, durante dez dias, uma operação das Forças de Defesa de Israel resultou na morte de 52 palestinianos e 23 israelitas. Os combates foram de tal forma intensos que o líder palestiniano à época, Yasser Arafat, chamou ao campo “Jeningrado”, comparando-o à cidade russa de Estalinegrado, arrasada durante a II Guerra Mundial.
Esta semana, 21 anos depois, nova ofensiva militar israelita de grande envergadura — batizada “Casa e Jardim” — voltou a ter na linha de mira o campo de refugiados de Jenin, “um bastião terrorista”, assim rotulado em Israel. “No último ano, no norte da Cisjordânia, as zonas de Jenin e Nablus tornaram-se uma área ingovernável, onde o terror e o crime produzem insegurança, tornaram-se uma espécie de ‘terra de ninguém’ cuja segurança a Autoridade Palestiniana [AP] não consegue assegurar”, explicou Ron Ben-Yishai, um analista político e militar israelita, num webinar a que o Expresso assistiu, organizado para explicar o porquê desta operação.