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Guerra na Ucrânia

Entrevista a Nariman Dzhelyal, ex-preso político e atual embaixador da Ucrânia na Turquia: “Erdogan ofereceu segurança coletiva à Europa”

Nariman Dzhelyal (Cêlal), jornalista, ativista, político e tártaro da Crimeia, é o novo embaixador ucraniano para a Turquia desde dezembro de 2024. Nariman permaneceu na Crimeia após a ocupação ilegal russa em 2014, como o membro sénior do Mejlis (Parlamento Tártaro), até ser preso em 2021. A acusação falsa visava silenciar a resistência tártara que recusa a ocupação de Putin. Condenado a 17 anos de prisão, foi libertado em junho de 2024, durante uma troca de prisioneiros de guerra entre a Ucrânia e Rússia. O Expresso entrevistou-o em Kiev antes de rumar a Istambul para tomar posse

André Luís Alves

“Os números hoje aceites pelos demógrafos ucranianos são de 207.111 tártaros da Crimeia deportados entre 18 e 20 de maio de 1944. Destes, 24% perderam a vida durante a viagem de comboio ou mais tarde nos povoados onde foram fixados”, afirma Martin-Oleksandr Kisly, historiador da Crimeia, professor e investigador da Universidade Academia Mohyla de Kiev.

Khrushchov reconheceu que a deportação foi criminosa, mas nada fez para os trazer de volta. E em 1954 tornou a Crimeia parte da Republica Soviética Ucraniana, num gesto de “confiança e amizade entre os povos”, aquando da celebração dos 300 anos do tratado de Pereiaslav, que marcou o início da relações militares e políticas entre Hetmanato dos Cossacos (Ucrânia) e o Império Russo. Os cossacos perderam a autonomia dez anos depois. Mas as verdadeiras razões da cedência da Crimeia à Ucrânia prendiam-se com declínio demográfico e económico da península no pós-guerra.