A Ucrânia realizou um ataque com drones contra Moscovo na madrugada desta terça-feira. Durante a noite, os sistemas de defesa aérea russos destruíram ou interceptaram 337 drones ucranianos, incluindo 91 sobre Moscovo, segundo o Ministério da Defesa da Rússia.
A região de Moscovo, onde morreram três pessoas e há três feridos, foi o centro do maior ataque desde o início da invasão da Ucrânia, em 2022. Segundo a empresa agroindustrial russa Miratorg, uma das vítimas mortais trabalhava num centro de distribuição da companhia. Jornalistas da agência de notícias France-Presse (AFP) informaram que, num dos blocos de apartamentos atingidos na região de Moscovo, as janelas foram partidas e uma varanda parcialmente destruída.
A Rússia já reagiu, dizendo que o ataque pode fazer descarrilar as perspetivas de aproximação à Ucrânia que os Estados Unidos têm vindo a encorajar.
"Os sistemas de defesa aérea intercetaram e destruíram 337 'drones' aéreos ucranianos, incluindo 91 sobre a região de Moscovo e 126 sobre a região de Kursk, que faz fronteira com a Ucrânia", disse o Ministério da Defesa russo em comunicado. O ataque também teve como alvo as regiões de Bryansk e Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, bem como Ryazan, Kaluga, Voronezh e Nizhny Novgorod.
"O maior ataque de 'drones' inimigos contra Moscovo foi repelido", declarou o presidente da Câmara da capital russa, Sergei Sobyanin, na plataforma de mensagens Telegram, acrescentando que os 'drones' atingiram a aldeia de Sapronovo e a cidade de Ramenskoye, nos arredores de Moscovo. "Os especialistas dos serviços de socorro estão a trabalhar nos locais onde caíram os destroços", disse.
Ataque antes de visita da OSCE
O atentado ocorre também poucas horas antes da visita a Moscovo do secretário-geral da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), Feridun Hadi Sinirlioglu, que deverá manter conversações hoje com o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov.
"Esta não é a primeira visita a Moscovo de uma delegação internacional de alto nível que é acompanhada por um ataque de 'drones' das forças ucranianas", escreveu a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, no Telegram, afirmando que os atos privam a OSCE do "seu significado original", que é "garantir a segurança e a cooperação na Europa".
Entretanto, o Aeroporto internacional de Vnukovo suspendeu o tráfego aéreo, enquanto os outros três aeroportos que servem Moscovo "introduziram restrições temporárias", informou a Rosaviatsia, a agência federal de aviação russa.
Negociações na Arábia Saudita
O ataque ocorre poucas horas antes das conversações na Arábia Saudita entre representantes ucranianos e norte-americanos, que procuram uma solução para o conflito na Ucrânia.
Hoje, a Ucrânia vai apresentar aos Estados Unidos um plano de cessar-fogo parcial com a Rússia. Estas discussões em Jeddah são as primeiras a este nível entre as duas partes desde a desastrosa visita do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, à Casa Branca, no final de fevereiro.
Segundo um responsável ucraniano, citado pela AFP na segunda-feira, a proposta será de uma "trégua no ar" e "no mar" com Moscovo. "Estas são as opções de cessar-fogo que são fáceis de pôr em prática e de controlar, e é possível começar por elas", acrescentou o responsável, que não se quis identificar.
Reação russa
Entretanto, a Rússia advertiu esta terça-feira que o ataque ucraniano de 'drones' à região de Moscovo pode fazer descarrilar as perspetivas de aproximação à Ucrânia que os Estados Unidos têm vindo a encorajar.
"Para já, não há negociações [com Kiev], por isso não há nada para dinamitar. Mas pode causar danos visíveis à tendência atual", afirmou o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência espanhola EFE.
Peskov disse que Moscovo tinha tomado antecipadamente medidas que garantiam a segurança da capital, da região adjacente e do resto do país.
Nota: Texto atualizado às 12h41 desta terça-feira com informações sobre a reação russa.