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Guerra na Ucrânia

EUA pedem à Europa estratégias de defesa para a Ucrânia, num cenário de paz com Moscovo

O objetivo do pedido é perceber até onde a Europa está disposta a ir para proteger Kiev e qual o preço que pode pagar em troca das negociações com a Rússia

Press service of the 24th Mechanized Brigade HANDOUT

Os Estados Unidos (EUA) pediram aos Governos dos principais países da Europa planos detalhados sobre o apoio militar e as medidas de segurança que pretendem oferecer à Ucrânia, caso venha a existir um acordo de paz com a Rússia. O pedido foi enviado esta semana, segundo avançou o “Financial Times”.

O objetivo com este questionário é perceber até onde a Europa está disposta a ir para proteger Kiev e qual o preço que pode pagar em troca das negociações com Moscovo.

Segundo o jornal britânico, em concreto, o Departamento de Estado dos EUA pediu pormenores sobre o equipamento militar que os países europeus poderiam fornecer à Ucrânia, bem como o número de brigadas de tropas que estariam dispostos a enviar.

Na Conferência de Segurança de Munique, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky também sublinhou a necessidade de a Europa assumir a responsabilidade pela sua própria defesa, alertando para o facto de o apoio militar anteriormente garantido pelos Estados Unidos ter acabado.

“Os velhos tempos acabaram. Temos de construir as forças armadas da Europa para que o futuro da Europa dependa apenas dos europeus e para que as decisões da Europa sejam tomadas na Europa”, disse Zelensky.

Também o primeiro-ministro polaco Donald Tusk reiterou as palavras de Zelensky, num post na rede social X. “A Europa precisa urgentemente do seu próprio plano de ação relativamente à Ucrânia e à nossa segurança, ou então outros atores globais decidirão sobre o nosso futuro. Não necessariamente de acordo com os nossos próprios interesses. Esse plano deve ser preparado agora. Não há tempo a perder”, escreveu.

O apelo à autossuficiência militar europeia surge num período em que há dúvidas quanto à posição dos EUA na NATO no que diz respeito ao cumprimento dos compromissos com a defesa da Ucrânia.

Na passada quarta-feira, um telefonema entre o presidente norte-americano Donald Trump e o presidente da Rússia, Vladimir Putin suscitou receios quanto à posição da Ucrânia nas negociações de paz com a Rússia.

Vários dirigentes políticos europeus manifestaram-se acerca do telefonema. Os chefes das diplomacias espanhola, alemã e francesa garantiram, na quinta-feira, que qualquer decisão sobre a Ucrânia terá obrigatoriamente que envolver Kiev e os europeus.

“Não haverá paz justa e duradoura na Ucrânia sem a participação dos europeus”, disse, em Paris, o ministro francês Jean-Noël Barrot. Também a alemã Annalena Baerbock e o espanhol José Manuel Albares Bueno deixaram claro que “nenhuma decisão sobre a Ucrânia pode ser tomada sem a Ucrânia”.