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Guerra na Ucrânia

“Precisamos de um convite para a NATO este ano”, diz a vice-MNE ucraniana ao Expresso. Seria um “impulso moral para os nossos combatentes”

Mariana Betsa chegou há pouco tempo à cadeira de vice-ministra dos Negócios Estrangeiros, mas não parece ter medo de traçar linhas vermelhas. A hipótese da concessão de territórios à Rússia como parte de futuro acordo de paz está fora de questão, diz ao Expresso numa entrevista na embaixada da Ucrânia. Declara-se “mais do que certa” que o novo ocupante da Casa Branca vai continuar a apoiar a luta dos ucranianos

Maryiana Betsa, vice-MNE da Ucrânia
TIAGO MIRANDA

A sala da embaixada destinada à entrevista com a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Mariana Betsa, está decorada com quadros do designer gráfico Mykola Kovalenko, que publica todos os dias, desde o início da guerra em grande escala, um trabalho alusivo à luta dos ucranianos. Um deles tem um sol brilhante e amarelo que parece estar a desaparecer atrás de uma linha azul, o mar, e os raios que ainda restam foram desenhados como mísseis apontados ao mar. Por baixo lê-se “A Rússia é um Estado terrorista”.

Outro mostra drones, apenas as suas silhuetas negras, a voar em formação, como um bando de pássaros. Os espaços em branco que aparecem no meio dos drones têm a forma de casas, mas não se nota imediatamente, tiveram de nos explicar. Um terceiro é uma representação simples da bandeira ucraniana, uma faixa azul e outra amarela, mas na extremidade direita as cores estão esborratadas, desalinhadas. Essa porção da bandeira representa 20% do território ocupado, a leste.

Mariana Betsa é vice-ministra dos Negócios Estrangeiros há cerca de um mês. É formada em Direito com doutoramento em Direito Internacional e tirou uma licenciatura em Tradução, vertente Inglês. Em 2001 deu início à carreira diplomática, e desde então ocupou cargos junto das representações diplomáticas da Ucrânia na UE. Em 2018 foi designada embaixadora na Estónia e antes ocupara o cargo de porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros (2015-2018).

Em Portugal para uma conferência da ONU sobre a preservação de locais de culto, e para conhecer a diáspora tradicional e a mais recente, a vice-ministra traz consigo um objetivo principal: o de reforçar o apoio dos europeus à Ucrânia na guerra contra a Rússia.