Guerra na Ucrânia

Zelenksy reconhece que é preciso falar com a Rússia para negociar a paz: o 941.º dia de guerra na Ucrânia

“Não pode haver um fim para a guerra sem uma das partes envolvida”, admitiu o Presidente ucraniano. Kiev está a preparar um plano de paz que ficará pronto no início de novembro. Moscovo já fez saber que não participará na cimeira planeada

Volodymyr Zelensky
Global Images Ukraine

Volodymyr Zelensky reconheceu este sábado, o dia 941 de guerra no seu país, que a nova proposta de plano de paz para a Ucrânia deverá permitir negociações diretas com a Federação Russa.

“Não pode haver um fim para a guerra sem uma das partes envolvida”, admitiu o Presidente ucraniano. Citado em comunicado, acrescentou que o plano para a paz estará pronto no início de novembro. “Será um começo para alguma base para falar em qualquer formato com a Rússia. Em qualquer formato. Com qualquer um dos seus representantes. Porque haverá um plano”.

Zelensky explicou que três dos pontos deste plano já foram conseguidos, o que permitiria à Rússia ser convidada para uma segunda conferência de paz, como a que se realizou na Suíça nos dias 15 e 16 de junho. O líder ucraniano insiste que, antes de tudo, é necessário que a Ucrânia se fortaleça tanto quanto possível antes da reunião.

Mas a Rússia já informou que não vai participar nessa segunda conferência de paz. “A cimeira terá os mesmos objetivos: promover a ilusória ‘fórmula de Zelensky’ para qualquer base para a resolução do conflito, obter o apoio da maioria do mundo e utilizá-lo para apresentar à Rússia um ultimato de capitulação”, declarou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova. “Não participaremos em tais ‘cimeiras’”.

Embora Kiev mantenha a sua exigência de uma paz “justa”, que levaria as tropas russas a abandonar as fronteiras internacionalmente reconhecidas do país, incluindo a península da Crimeia, Moscovo disse apenas estar pronto a considerar “propostas sérias” que tivessem em conta “a situação no terreno refletindo realidades geopolíticas”.

Em junho, Vladimir Putin explicou que só concordaria com conversações de paz na condição de a Ucrânia renunciar à sua soberania sobre cinco das suas regiões, parcial ou totalmente ocupadas pela Rússia, para as quais reivindica a anexação.

Outras notícias que marcaram o dia

⇒ Zelensky criticou a iniciativa de paz proposta na primavera pela China e pelo Brasil, afirmando que não se trata de um “plano concreto” porque não vê "quaisquer ações ou fases específicas, apenas uma certa generalização de procedimentos”.

⇒ A força aérea ucraniana anunciou ter abatido cinco mísseis russos X-59 e X-69 e 11 drones kamikaze russos do tipo Shahed lançados contra a Ucrânia durante a noite, de um total de nove e 16, respetivamente.

⇒ Pelo menos três pessoas foram mortas e outras três ficaram feridas nas primeiras horas da manhã, na sequência de um ataque com mísseis na região central de Dnipropetrovsk, disseram as autoridades da cidade de Krivi Rig.

⇒ Em Moscovo, num comunicado divulgado na rede social Telegram, o Ministério de Defesa russo indicou ter abatido mais de uma centena de drones ucranianos sobre o seu território durante a noite, ataques que, segundo as informações iniciais, causaram apenas danos limitados.

⇒ A Ucrânia disse que atingiu dois armazéns militares na Rússia, usados para armazenar munições, adiantaram as forças armadas de Kiev. Segundo a agência AFP, o ataque visou as instalações de Tikhoretsk, na região de Krasnodar (sudoeste), e um segundo armazém na região de Tver (oeste).