Guerra na Ucrânia

Zelensky vai apresentar plano a Biden para pôr fim à guerra com a Rússia (916º. dia de conflito)

Ao mesmo tempo que Volodymyr Zelensky se prepara para, em setembro, apresentar a Joe Biden um plano para terminar a guerra, Sergei Lavrov avisa os Estados Unidos de que uma III Guerra Mundial não afetaria apenas a Europa. Eis os destaques do 916º. dia de guerra

Volodymyr Zelensky
Global Images Ukraine

O Presidente da Ucrânia admitiu, nesta terça-feira, que a guerra com a Rússia acabaria por terminar em diálogo, mas que Kiev tinha de estar numa posição forte e que apresentaria um plano aos EUA, ao Presidente Joe Biden e aos seus dois potenciais sucessores. Em conferência de imprensa, Volodymyr Zelensky também disse, de acordo com a agência Reuters, que a incursão de três semanas na região russa de Kursk fazia parte desse plano, mas que também ficam a faltar outras medidas nas frentes económica e diplomática.

“O ponto principal deste plano é forçar a Rússia a acabar com a guerra. E eu quero muito isso; seria justo para a Ucrânia.” As palavras reveladoras de Zelensky escondem, ao mesmo tempo, detalhes mais alargados. Mas Zelensky adiantou que iria discutir o plano com a vice-presidente democrata Kamala Harris e “provavelmente” também com o republicano Donald Trump, ambos candidatos à Presidência dos EUA.

O líder ucraniano disse que espera ir aos Estados Unidos em setembro, para participar na Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, onde deverá reunir-se com Biden.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, afirmou, há cerca de uma semana, que as negociações estavam fora de questão, depois de a Ucrânia ter lançado uma grande incursão transfronteiriça na região russa de Kursk, no dia 6 de agosto.

Zelensky fez ainda outro anúncio esta terça-feira: Kiev continua a fazer progressos na produção de armas e realizou o primeiro teste de um míssil balístico fabricado nacionalmente.

No mesmo dia, Moscovo vincou que o Ocidente estava a brincar com o fogo ao considerar permitir que a Ucrânia atacasse o território russo profundo com mísseis ocidentais, e avisou os Estados Unidos que a III Guerra Mundial não ficaria confinada à Europa.

A Ucrânia atacou a região ocidental de Kursk, na Rússia, a 6 de agosto, e já conquistou uma fatia de território, naquele que é o maior ataque estrangeiro à Rússia desde a II Guerra Mundial. O Presidente, Vladimir Putin, já declarou que haveria uma resposta digna da Rússia.

Sergei Lavrov, que foi o ministro dos Negócios Estrangeiros de Putin durante mais de 20 anos, salientou que o Ocidente estava a tentar intensificar a guerra na Ucrânia e estava "à procura de problemas" ao considerar os pedidos ucranianos para aliviar as restrições ao uso de armas fornecidas por aliados ocidentais. “Estamos agora a confirmar mais uma vez que estão a brincar com o fogo, e são como crianças pequenas a brincar com fósforos. É uma coisa muito perigosa. Os americanos associam inequivocamente as conversas sobre a III Guerra Mundial como algo que, Deus me livre, se acontecer, afetará exclusivamente a Europa.”

Outras notícias a destacar:

⇒ O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica, Rafael Grossi, avisou ser "muito grave" que a central nuclear russa de Kursk esteja tão perto de uma frente de guerra. "Acreditamos que é muito grave que uma central desta tipologia esteja tão próxima de uma frente de guerra", disse Grossi à imprensa internacional, no final da sua visita à central atómica russa de Kursk. Grossi afirmou que o reator está muito exposto a um possível ataque.

⇒ As forças russas capturaram a localidade ucraniana de Orlivka, na região de Donetsk, como parte do seu avanço gradual em direção ao centro logístico de Pokrovsk, informou o Ministério da Defesa de Moscovo. A localidade, que tinha pouco mais de 800 habitantes antes do início da invasão russa, em fevereiro de 2022, fica a cerca de 30 quilómetros de Pokrovsk, um objetivo almejado por Moscovo para afetar a logística do Exército ucraniano nesta região.

⇒ O líder do executivo da região russa de Belgorod, Viacheslav Gladkov, afirmou ser "complicada" a situação na fronteira com a Ucrânia, num comentário à nova tentativa de incursão das forças inimigas. "Há informações de que o inimigo tenta romper a fronteira para a região de Belgorod. Segundo o ministério da Defesa a situação continua tensa, mas está sob controlo", escreveu Gladkov na sua conta de Telegram.