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Guerra na Ucrânia

Será que há paz? Zelensky admite ceder parte do território à Rússia se for essa a vontade do povo ucraniano. Como? Num referendo

Desistir dos territórios ucranianos é uma questão “muito, muito difícil”, que só poderia ser decidida pelo povo ucraniano, admite o Presidente ucraniano. Volodymyr Zelensky está mais convencido de que China poderá pressionar a Rússia para que abra caminho às negociações. Estará o cessar-fogo mais próximo?

Pool/Gettu Images

Volodymyr Zelensky admitiu que concessões territoriais à Rússia para pôr fim à guerra poderiam ser uma hipótese, mas apenas com a realização de um referendo na Ucrânia. Em entrevista a vários jornalistas franceses, inclusive do jornal “Le Monde”, o Presidente ucraniano referiu, no entanto, tratar-se de uma questão muito difícil.

“Não é a melhor opção, porque estamos a lidar com Putin, e será uma vitória para ele se adquirir parte do nosso território”, declarou Zelensky, acrescentando: “A Ucrânia nunca desistirá dos seus territórios porque isso seria um ataque à Constituição. Isto vai contra a Constituição da Ucrânia; aqueles que estão no poder não têm o direito oficial de desistir dos seus territórios (…) O povo ucraniano tem de querer."

Zelensky considera que as decisões relativas à integridade territorial ucraniana não podem ser tomadas pelo Presidente, somente pelo povo ucraniano.

“A Ucrânia tem estado sob uma pressão considerável, uma vez que a Rússia continuou a obter ganhos muito pequenos ao longo do ano [sobretudo a norte e nordeste de Kharkiv]”, diz ao Expresso Christoph Bluth, professor de Relações Internacionais da Universidade de Bradford, no Reino Unido. A situação no campo de batalha é difícil, apesar da “retoma da ajuda militar dos EUA, do reabastecimento de munições para artilharia e de defesas aéreas”, que aumentaram a capacidade ucraniana para resistir ao avanço russo. “E as aeronaves F-16 serão finalmente entregues à Ucrânia”, lembra Christoph Bluth.