Guerra na Ucrânia

China diz que "tanto a Ucrânia como a Rússia mostraram sinais de vontade de negociar”: o resumo do 882.º dia de guerra

"Tanto a Ucrânia como a Rússia mostraram sinais de vontade de negociar a vários níveis", diz chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi. No entanto, admite que “as condições e o momento não são ainda os mais adequados”

Wang Yi, ministro dos Negócios Estrangeiros da China
Pool

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, assegurou esta quarta-feira que Pequim vai "continuar a desempenhar um papel construtivo" na retoma das negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, defendendo uma "resolução política" para um cessar-fogo. Wang reuniu-se, hoje, com o homólogo ucraniano.

O chefe da diplomacia chinesa afirmou que "tanto a Ucrânia como a Rússia mostraram sinais de vontade de negociar a vários níveis", embora tenha reconhecido que "as condições e o momento não são ainda os mais adequados". "A China considera que a resolução de todos os diferendos deve ser levada à mesa das negociações, mais cedo ou mais tarde. A resolução de qualquer litígio deve ser sempre alcançada através de meios políticos", disse Wang, de acordo com o comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, encarou a visita à China como uma procura de “terreno comum” nas conversações com Wang Yi. Segundo um comunicado de Kiev, Kuleba destacou o papel da China como "força global para a paz" e disse que uma "paz justa na Ucrânia vai ao encontro dos interesses estratégicos da China".

"A Ucrânia quer seguir o caminho da paz, da recuperação e do desenvolvimento", disse o ministro ucraniano a Wang Yi, durante o encontro na cidade de Cantão. "Estou convencido de que estas são prioridades estratégicas que partilhamos".

A guerra não afeta apenas a Ucrânia, mas também "mina a estabilidade internacional e o desenvolvimento de boas relações entre vizinhos, incluindo o comércio entre China e Europa", acrescentou.

Outras notícias que marcaram o dia:

⇒ Duas pessoas ficaram feridas na sequência da explosão de uma bomba colocada num automóvel em Moscovo, disse o Ministério do Interior da Rússia, com a imprensa a admitir que o ataque pode ter tido como alvo uma alta patente militar. "Num parque de estacionamento na zona norte da capital [Moscovo] ocorreu uma explosão de artefacto ainda não identificado que foi colocado num automóvel. Duas pessoas ficaram feridas", disse a porta-voz do Ministério do Interior, Irina Volk. Os feridos "foram transportados para o hospital", acrescentou.

⇒ O Presidente russo, Vladimir Putin, comprometeu-se a conferir às quatro regiões ucranianas anexadas pela Rússia um nível de vida equiparado ao resto do seu país até 2030. "Estabelecemos uma meta abrangente: até 2030, as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, as regiões de Zaporijia e Kherson deverão atingir o nível médio russo em áreas-chave que determinam a qualidade de vida das pessoas", declarou o chefe de Estado russo.

⇒ O vice-primeiro-ministro da Polónia, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, assegurou hoje que a Ucrânia não será admitida na UE caso Varsóvia e Kiev não resolvam o contencioso histórico em torno do massacre de Volhynia, que se prolonga há décadas. Kosiniak-Kamysz, que também ocupa a pasta da Defesa, assinalou à cadeia televisiva PolSat que "não haverá fronteiras abertas nem trocas comerciais ao nível atual [com a Ucrânia] caso não seja resolvida a questão de Volhynia". O vice-primeiro-ministro assegurou pretender "que a Ucrânia se desenvolva", mas sem "deixar esquecida uma ferida que não cicatrizou".