Poucas são as mudanças produzidas nos últimos meses ao longo da extensa linha da frente de 1000 quilómetros na Ucrânia. O avanço recente das forças do Kremlin no leste e nordeste do país não resultou em nada mais do que ganhos territoriais modestos, tendo as forças de ambos os lados optado por atacar infraestruturas críticas, para limitar as capacidades inimigas. A guerra vai para o seu terceiro ano e o impasse continua a favorecer a Rússia, mas as perdas humanas e materiais começam a pesar. Para os ucranianos, contudo, é a política norte-americana o maior fator de instabilidade.
A Ucrânia e a Rússia mostram sinais de fadiga, e até de desintegração, admite ao Expresso Joseph Fitsanakis, professor de Estudos de Informação e Segurança na Universidade da Carolina Costal, onde também é diretor do Centro de Comando de Operações e Secretas. “A Rússia está a perder entre mil e 1200 soldados por dia, em saldo dos mortos e dos gravemente feridos. Embora este número não tenha ainda atingido níveis insustentáveis, esta situação não poderá prolongar-se por muito mais tempo sem esticar as capacidades ofensivas dos militares russos ao máximo. O facto de o número de vítimas parecer estar a aumentar progressivamente é uma péssima notícia para Moscovo.”
O Exército ucraniano enfrenta mais de 500 mil soldados russos, e, nos próximos meses, o Kremlin planeia aumentar o número em 300 mil, em parte através do recrutamento ativo de mercenários. Contudo, a Rússia está a pagar um preço bastante alto em homens e em equipamento destruído para conseguir fazer avanços graduais. Recentemente, as forças ucranianas tiveram de retirar-se da aldeia de Ocheretyne, na região de Donetsk. Retiraram-se também de Krynky, a única aldeia que a Ucrânia controlava na margem oriental do rio Dniepre, na região de Kherson, disse Dmytro Lykhoviy, porta-voz do Exército ucraniano.