O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, pediu, esta terça-feira, a Pequim, por ocasião da sua primeira visita à China desde o início da guerra com a Rússia, um "diálogo direto" para pôr fim ao conflito.
"Estão planeadas discussões profundas, detalhadas e substantivas com o meu homólogo chinês, Wang Yi, sobre formas de alcançar uma paz justa", escreveu o chefe da diplomacia de Kiev na rede social Instagram.
Kuleba sustentou que se deve "evitar a concorrência entre planos de paz" e, nesse sentido, disse ser "muito importante que Kiev e Pequim se envolvam num diálogo direto e troquem os seus pontos de vista".
Apesar dos seus estreitos laços económicos, diplomáticos e militares com Moscovo, ainda mais fortalecidos desde a invasão russa do território ucraniano lançada em fevereiro de 2022, Pequim pretende desempenhar um papel de mediador no conflito.
A visita de Dmytro Kuleba, que deverá prolongar-se até sexta-feira, é a primeira de um alto dirigente ucraniano a Pequim desde o começo da invasão russa. “Esta é também a primeira visita bilateral do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia à China desde 2012”, escreveu também na rede social.
A deslocação acontece depois de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter aberto a porta a negociações com a Rússia pela primeira vez desde as conversações mal sucedidas em 2022. Surge também após as fortes críticas da NATO à ajuda económica de Pequim a Moscovo.
Outras notícias que marcaram o dia:
⇒ ARússia abateu esta madrugada 25 'drones' ucranianos, 21 dos quais na província anexada da Crimeia e no mar Negro, disse o Ministério da Defesa russo. "As defesas antiaéreas intercetaram e destruíram dois 'drones' sobre a região de Bryansk e dois sobre a região de Belgorod, bem como 21 'drones' sobre o território da República da Crimeia e as águas do mar Negro", escreveu no Telegram.
⇒ Moscovo acusou esta terça-feira Kiev de ter utilizado 'drones' para atacar um ferry, matando e ferindo pessoas num porto do estreito de Kerch, que separa a Rússia da Crimeia. "Os serviços de emergência estão atualmente a trabalhar no local. O incêndio está controlado e não há risco de propagação. Infelizmente, há feridos e mortos entre a tripulação e os funcionários do porto", anunciou o governador da região de Krasnodar, Veniamin Kondratiev, através das redes sociais.
⇒ O líder do Comité de Investigação Russo (CIR), Alexander Bastrikin, propôs privar da cidadania as pessoas naturalizadas que se recusem a juntar-se às fileiras militares para defender o seu novo país. "Se evita a convocação, a sua cidadania é retirada", defendeu Bastrikin, segundo divulgou o CIR, a mais alta entidade federal de investigação, na rede social Telegram. Bastrikin apelou igualmente aos membros do comité para que participem ativamente nas rusgas, de forma a incluir no recenseamento militar aqueles que tentam escapar à convocação
⇒ Cerca de 3800 presos ucranianos estão integrados nas Forças Armadas do país e a maioria já terminou a sua formação, indicou hoje Roman Kostenko, secretário da comissão de Segurança nacional, defesa e serviços de informação do parlamento da Ucrânia. Kostenko reconheceu que o pedido de mobilização dos presos para as Forças Armadas ucranianas diminuiu pelo facto de a maioria dos voluntários ter sido incorporada no serviço militar. No entanto, admitiu que outros 1200 reclusos poderão alistar-se em breve.