Guerra na Ucrânia

Berlim volta a travar sanções, ataque russo deixa dezenas de milhares sem luz: guerra na Ucrânia, dia 846

A Alemanha tem travado o 14.º pacote de sanções ao setor de gás natural liquefeito russo, devido a divergências dentro do Governo e à dependência da economia alemã no recurso. Na frente de guerra, cerca de 55 mil pessoas ficaram sem luz na cidade de Kharkiv

Ataque russo em Kharkiv, Ucrânia
Kharkiv Regional Military Adm./Getty Images

Com as atenções viradas para a visita de Vladimir Putin à Coreia do Norte, com o objetivo de obter mais armas para prolongar a guerra na Ucrânia, a Alemanha voltou a bloquear um pacote de sanções contra empresas de gás natural russo.

Segundo avançou a agência Reuters, o acordo, que já foi bloqueado pela Alemanha há menos de uma semana, voltou a não ser possível depois de uma reunião entre diplomatas dos 27 países da União Europeia, que deocorreu esta segunda-feira. As novas medidas, que fazem parte do 14.º pacote de sanções do bloco europeu contra a economia russa, incluem uma proibição de importções gás natural liquefeito, bem como multas contra empresas europeias que violem as sanções através de subsidiários e países terceiros.

Desta vez, ao que revelaram fontes diplomáticas à agência britânica, o motivo do chumbo da Alemanha deveu-se a um desentendimento entre o ministério dos Negócios Estrangeiros, de Annalena Baerbock e a equipa do chanceler alemão, Olaf Scholz. Baerbock, que entrou na coligação governamental através dos Verdes alemães, defende a imposição de mais sanções, inlcuindo à Bielorrússia.

Apesar da série de sanções impostas pelo Ocidente à Rússia, a verdade é que as empresas russas têm conseguido ultrapassar os obstáculos económicos e, recentemente, as exportações de gás russo superaram as exportações norte-americanas para a Europa no mês de Maio, algo que não acontecia desde o início da guerra, avançou o Financial Times.

No passado dia 14, a Alemanha bloqueou o acordo para sancionar o setor de gás natural liquefeito da Rússia, mostrando-se preocupada com o impacto que um corte total destas importações prejudique demasiado empresas civis e setores industriais, que dependem desta fonte de energia.

Ataque russo deixa milhares de pessoas sem energia elétrica

Um ataque russo durante a noite contra uma infraestrutura de energia no centro da Ucrânia deixou milhares de pessoas sem eletricidade, anunciaram esta quarta-feira as autoridades de Kiev.

As zonas afetadas situam-se nas proximidades da linha da frente ou na fronteira com a Rússia, disse o ministério da Energia da Ucrânia, citado pela agência noticiosa espanhola EFE. Os cortes de energia afetam principalmente a região oriental de Donetsk, onde se registam os combates mais intensos e onde cerca de 55 mil pessoas estavam estavam sem energia hoje de manhã.

Os cortes estavam a afetar também Dnipro (centro), Zaporijia (sudeste), Kharkiv e Sumi (nordeste), Kherson (sul) e Chernobyl (norte).

Os apagões não planeados juntam-se aos que as autoridades programam todos os dias em toda a Ucrânia para poupar eletricidade devido ao défice causado pelos sucessivos ataques de mísseis e 'drones'.

A Rússia destruiu grande parte da capacidade de produção de eletricidade da Ucrânia desde que invadiu o país vizinho em fevereiro de 2022. A Ucrânia está a trabalhar para reparar o equipamento e as centrais elétricas danificadas ou destruídas pelos ataques russos, antes que a procura aumente com o início do tempo frio, disse o ministério.

As empresas e as pessoas em toda a Ucrânia estão a depender de geradores de energia para continuarem a viver e a trabalhar normalmente no meio dos apagões.

Outras notícias:

> Depois de passar pela Coreia do Norte, o Presidente russo aterrou no Vietname, onde agradeceu o país por considerar uma “via pragmática para resolver a crise” na Ucrânia, segundo a Sky News. O Vietname, uma das poucas nações comunistas na região, tem-se mantido neutro relativamente à invasão russa, e a visita representa mais uma tentativa de Putin explorar a sua área de influência na Ásia;

> As autoridades russas admitiram hoje que ainda não conseguiram apagar o incêndio provocado na véspera pelo ataque de um 'drone' ucraniano a uma refinaria na cidade de Azov, no sul do país. Ao longo do dia de hoje, o incêndio alastrou a um segundo armazém, de acordo com o governador da região de Rostov, Vasili Golubev;

> A Ucrânia acusou a Coreia do Norte de fornecer ajuda militar à Rússia que permite o "assassínio em massa" de civis e pediu medidas "mais rigorosas" para isolar os dois países. "A Coreia do Norte está hoje a cooperar ativamente com a Rússia no campo militar e a fornecer deliberadamente recursos para o assassínio em massa de ucranianos", afirmou à agência France Presse Mykhailo Podoliak, conselheiro da presidência da Ucrânia, no seguimento da visita do líder do Kremlin a Pyongyang.