Um ataque de mísseis de cruzeiro russos contra infraestruturas na região de Lviv, no oeste da Ucrânia, matou um homem, enquanto outro morreu num ataque no nordeste do país, divulgaram neste domingo as autoridades locais. O ataque em Lviv destruiu um edifício e provocou um incêndio, escreveu o governador local, Maksym Kozytskyi, na rede social Telegram, adiantando que estavam a ser realizadas operações de salvamento. Na região de Kharkiv, o governador Oleh Syniehubov disse que um ataque aéreo matou um homem de 19 anos, depois de um projétil ter atingido uma estação de serviço.
Centenas de milhares de pessoas na região ucraniana de Odessa ficaram sem eletricidade, depois de os destroços de um 'drone' (aparelho não tripulado) russo abatido terem provocado um incêndio numa instalação de energia, disse o governador local, Oleh Kiper. Cerca de 170.000 casas sofreram cortes de energia como resultado do ataque, disse o maior operador privado de eletricidade da Ucrânia, DTEK.
A Força Aérea ucraniana disse que abateu nove dos 11 'drones' do tipo Shahed lançados pela Rússia durante a noite, bem como nove dos 14 mísseis de cruzeiro. Nos últimos dias, a Rússia intensificou os seus ataques às infraestruturas energéticas ucranianas, causando danos significativos em várias regiões.
A empresa de energia ucraniana Centrenergo anunciou no sábado que a central térmica de Zmiiv, uma das maiores da região nordeste de Kharkiv, foi completamente destruída na sequência de bombardeamentos russos na semana passada. Os planos de corte de energia ainda estavam em vigor para cerca de 120.000 pessoas na região, onde 700.000 ficaram sem eletricidade depois de a central ter sido atingida em 22 de março.
Numa mensagem hoje enviada para assinalar a data em que alguns cristãos ucranianos celebram a Páscoa, o Presidente Volodymyr Zelensky exortou o país a manter a perseverança. "Não há um dia ou uma noite em que o terror russo não tente destruir as nossas vidas. Ontem à noite [sábado], voltámos a ver mísseis e 'drones' Shaheds lançados contra o nosso povo", afirmou. "Defendemo-nos, perseveramos; o nosso espírito não desiste e sabe que a morte pode ser evitada. A vida pode vencer", acrescentou Zelensky.
Putin recruta 150 mil russos
Vladimir Putin, assinou este domingo o decreto da primeira campanha de recrutamento militar de 2024, que alarga a idade para os 30 anos, mais três do que na anterior, e abrangerá 150 mil russos.
"Realizar, entre 1 de abril e 15 de julho de 2024, a convocação para o serviço militar dos cidadãos russos com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos", diz o documento publicado no portal de informação jurídica do Governo russo e citado pela agência espanhola EFE. O decreto não abrange os russos que tenham completado 27 anos antes do final de 2023 e os reservistas com 28 e 29 anos. E prevê ainda uma moratória de serviço para os cidadãos que trabalham em empresas informáticas e a libertação de soldados, marinheiros, sargentos e cabos que já cumpriram o seu serviço.
O contra-almirante Vladimir Tsimliansky, chefe de Organização e Mobilização do Estado-Maior russo, disse na semana passada que os novos recrutas não participariam na guerra com a Ucrânia e não seriam enviados para as regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporiyia, que foram anexadas em 2022.
Esta nova mobilização segue-se à campanha do outono, em que foram convocados 130.000 novos recrutas, e deverá ultrapassar a campanha da primavera do ano passado, que registou cerca de 147.000 mobilizações.
Outras notícias que marcaram o dia
⇒ Rússia responsabilizou este domingo a Ucrânia pelo atentado terrorista de 22 de março em Moscovo, entre outros ataques, e exigiu a Kiev a detenção e a entrega do chefe dos Serviços de Segurança e de outros supostos implicados. De acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, citado pela agência espanhola EFE, Moscovo "entregou às autoridades da Ucrânia a exigência, no marco da convenção dos atentados terroristas cometidos com bombas e da convenção sobre o financiamento do terrorismo, a detenção e a entrega imediata de todas as pessoas implicadas nos atentados".
⇒ Num discurso que visou assinalar a libertação de Bucha, há dois anos, Volodymyr Zelensky afirmou que a atual guerra é “pelo direito de existência do nosso Estado, bem como pelo direito de todos à vida”. O líder ucraniano acrescentou que está em causa "uma guerra pela dignidade do nosso povo e de cada nação que procura o seu próprio destino”. Bucha foi alvo de uma ocupação pelas forças russas durante pouco mais de um mês no início da invasão russa, em fevereiro de 2022. Centenas de corpos de civis foram encontrados, alguns em valas comuns, após a retirada dos militares da Rússia.
⇒ Numa publicação no X (antigo Twitter), o Ministério da Defesa da Ucrânia disse ter afundado um navio patrulha russo em 5 de março, além de ter danificado mais quatro embarcações – três grandes navios de desembarque e um navio de reconhecimento – em 24 de março, noticiou o jornal ‘The Guardian’.
⇒ Um ataque ucraniano matou uma mulher na aldeia fronteiriça russa de Dunayka, informou a AFP, citando o governador local. “A aldeia de Dunayka, no distrito urbano de Graivoron, esteve sob fogo ucraniano. Para grande pesar, um civil foi morto”, disse o governador Vyacheslav Gladkov nas redes sociais.
⇒ Familiares e amigos de soldados capturados pelas forças russas, alguns vestidos com roupas militares, manifestaram-se neste domingo em Kiev pela libertação de elementos do batalhão Azov.
⇒ Papa Francisco pediu este domingo, durante a sua mensagem pascal, "uma troca de todos os prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia" e um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza. "Todos por todos", afirmou o Papa da varanda central da Basílica de São Pedro, antes de dar a bênção Urbi et Orbi (à Cidade e ao Mundo) perante dezenas de milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro.