Guerra na Ucrânia

Zelensky substitui conselheiros de topo e aumenta a pressão para obter mais ajuda dos EUA: o que se passou no 776º dia de guerra

Através de uma entrevista ao jornal norte-americano ‘Washington Post’, Volodymyr Zelensky transmitiu ao aliado norte-americano que, caso não haja um reforço da ajuda militar dos Estados Unidos, as forças ucranianas terão de continuar a proceder a uma retirada em “pequenos passos”

Stringer/Reuters

As forças ucranianas estão a passar por fortes dificuldades no terreno. Enfrentam uma grave escassez de armas e de munições, o que oferece uma significativa vantagem às tropas russas que prosseguem uma nova ofensiva e estão a forçar os militares ucranianos a recuar.

Através de uma entrevista ao jornal norte-americano ‘Washington Post’, Volodymyr Zelensky transmitiu ao aliado norte-americano que, caso não haja um reforço da ajuda militar dos Estados Unidos, as forças ucranianas terão de continuar a proceder a uma retirada em “pequenos passos”.

“Se não houver apoio dos EUA, significa que não teremos defesa aérea, nem mísseis Patriot, nem bloqueadores para a guerra electrónica, nem munições de artilharia de 155 milímetros”, disse o Presidente ucraniano. “Significa que vamos voltar atrás, recuar, passo a passo, em pequenos passos. Estamos a tentar encontrar uma maneira de não recuar.”

As autoridades ucranianas disseram que bombardeiros russos mataram neste sábado pelo menos duas pessoas e feriram outra na região de Donetsk, no leste do país, afirmando também que os ucranianos destruíram nove drones inimigos durante a noite.

A cidade de Krasnohorivka, localizada muito perto da frente, esteve sob "fogo inimigo durante a noite e a manhã", disse o governador regional Vadym Filachkin no Telegram, citado pela agência France Presse. De acordo com a fonte, os tiros mataram uma mulher de 70 anos e um homem de 73 anos, e feriram outro. O governador regional Vadym Filachkin apelou aos últimos civis presentes para fugirem da cidade.

Na região de Dnipropetrovsk (centro-sul), um homem de 36 anos, ferido na sexta-feira num ataque, morreu no hospital e outro ainda está hospitalizado, disse o responsável regional Serhiy Lyssak. Nas últimas 24 horas, mais um homem morreu ao passar com o seu trator por cima de um dispositivo explosivo não identificado, durante trabalhos agrícolas perto de Topolyne, na região de Kherson (sul), informou a polícia ucraniana.

Na parte ocupada da região de Kherson, quatro civis também foram feridos por roquetes ucranianos, disse hoje o chefe da administração de ocupação russa local, Vladimir Saldo. Durante a noite de sexta para sábado, a Força Aérea Ucraniana afirmou ter abatido nove drones explosivos russos, de um total de 12, nas regiões de Kherson, Odessa, Dnipropetrovsk e Poltava.

Em Donetsk, a Rússia também realizou um ataque com mísseis S-300/S-400 disparados da península anexada da Crimeia, acrescentou esta fonte, sem mais detalhes. Na sexta-feira, a Rússia realizou novos ataques massivos contra a rede elétrica da Ucrânia, danificando de forma grave pelo menos três centrais térmicas e levando as autoridades ucranianas a introduzir cortes de energia de emergência.

O Ministério da Energia ucraniano indicou que estes cortes foram levantados hoje em todas as regiões em causa, especificando que as restrições energéticas permaneceram, no entanto, em vigor para 120.000 utilizadores na região de Kharkiv (leste) devido aos "danos consideráveis" sofridos pelas infraestruturas locais.

Alexander Ermochenko/Reuters

Outras notícias que marcaram o dia

⇒ O Presidente ucraniano demitiu neste sábado um assessor de longa data e vários conselheiros. Segundo a Associated Press (AP), Zelensky demitiu o principal assessor, Serhiy Shefir, do cargo de primeiro assistente, que ocupava desde 2019. Zelensky demitiu também três conselheiros e dois representantes presidenciais que supervisionavam as atividades voluntárias e os direitos dos soldados.

⇒ Cerca de 5.000 crianças foram retiradas da região russa de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, após semanas de bombardeamentos levados a cabo por Kiev, anunciou este sábado o governador regional. De acordo com a agência France-Presse, as autoridades regionais anunciaram, na semana passada, que 9.000 menores seriam transferidos para outras regiões, depois de uma série de bombardeamentos transfronteiriços e ataques de drones que mataram mais de uma dúzia de civis.

⇒ Milhares de pessoas marcharam em várias localidades da Alemanha pela paz, pelo fim da guerra na Ucrânia e pelo fim do conflito entre Israel e o Hamas. A maior e principal manifestação juntou cerca de 3.500 pessoas na capital alemã, Berlim, 1.500 em Estugarda (sudoeste), 850 em Munique (sul) e 400 em Colónia (oeste), segundo a polícia.

⇒ O Kremlin garantiu que o Presidente russo, Vladimir Putin, que ainda não compareceu a qualquer homenagem às vítimas do ataque perto do Moscovo, nem visitou as famílias das vítimas ou os feridos, sente dor pelo sucedido. "O chefe de Estado sente-se pessoalmente e totalmente preocupado com este tipo de tragédias. Acredite, mesmo que não veja lágrimas no seu rosto, isso não significa que ele não sofra", disse o porta-voz presidencial, Dmitri Peskov, numa curta entrevista transmitida neste sábado.

⇒ O Partido Popular Europeu apelou a um debate urgente no Parlamento Europeu, depois de a instituição ter anunciado na sexta-feira estar a analisar a denúncia de que eurodeputados estão a ser pagos para difundir propaganda pró-russa e influenciar as eleições europeias. O PPE destacou a sua "firme oposição à desinformação e propaganda" que é lançada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, que "representa um perigo para a democracia e que deve ser denunciado a todos os níveis".