A Ucrânia acusou esta sexta-feira a Rússia de ter disparado 99 drones e mísseis contra o seu território, 84 dos quais terão sido destruídos pelo sistema de defesa ucraniano, tendo sido registados danos em três centrais térmicas. Moscovo intensificou os seus ataques aéreos contra a Ucrânia nas últimas semanas, visando sobretudo as infraestruturas energéticas, em resposta aos ataques ucranianos nas regiões fronteiriças russas.
"Foram destruídos 84 alvos aéreos: 58 drones Shahed e 26 mísseis", informou a Força Aérea ucraniana em comunicado. Três centrais térmicas ucranianas foram danificadas pelo ataque russo, segundo a fornecedora de energia ucraniana DTEK. "Os ocupantes atacaram três centrais térmicas da DTEK. O equipamento ficou seriamente danificado", acrescentou a empresa em comunicado.
O ministro ucraniano da Energia, Guerman Galushchenko, declarara anteriormente que um "ataque maciço" tinha visado especificamente instalações de produção de energia nas regiões de Dnipropetrovsk, Poltava e Cherkasy. O governador de Dnipropetrovk, Sergiy Lysak, afirmou, por seu turno, que "várias instalações de energia foram danificadas" na sua região.
O presidente da Ucrânia considerou, por sua vez, que o ataque russo a duas centrais hidroelétricas ucranianas na noite passada representa uma ameaça, não só para o seu país, mas também para a Moldávia. "As centrais hidroelétricas de Kanivska e Dniester foram deliberadamente atingidas pelo inimigo. O país terrorista quer repetir o desastre ambiental na região de Kherson. Mas agora não só a Ucrânia, mas também a Moldávia, estão sob ameaça. A água não vai parar nos pontos de passagem da fronteira, nem a guerra russa, a menos que a paremos na Ucrânia juntos e a tempo", disse.
A barragem da central de Nova Khakhovka, a cerca de 60 quilómetros da cidade de Kherson, foi atingida por um míssil no início de junho de 2023, causando uma inundação maciça de centenas de quilómetros quadrados, bem como mais de meia centena de mortos e danos estimados em mais de 3,5 mil milhões de euros.
Numa mensagem publicada no Telegram, Zelensky sublinhou, após a primeira reunião do Estado-Maior convocada pelo novo secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, Oleksandr Litvinenko, que "os desafios são muito graves", acrescentando que "os terroristas russos voltaram a atacar o setor energético ucraniano".
O primeiro-ministro Denis Schmigal, o ministro da Energia, German Galushcneko, e os presidentes dos conselhos de administração da Ukrenergo e da Naftogaz, Volodymir Kudritsky e Oleksy Chernishov, apresentaram relatórios sobre os danos e os trabalhos de reconstrução. "Discutiram as formas mais eficazes de proteção física e a sua aplicação noutras instalações", acrescentou Zelensky.
Outras notícias do dia:
⇒ O ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, disse esta sexta-feira que o seu país está empenhado em "fortalecer a relação" com a Ucrânia, cujo ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmitry Kuleba, chegou na quinta-feira a Nova Deli. "As nossas conversações centraram-se no atual conflito [entre a Rússia e a Ucrânia] e nas suas ramificações mais vastas. Trocámos pontos de vista sobre várias iniciativas nesse contexto", afirmou Jaishankar na rede social X, depois de se ter encontrado com Kuleba, que faz a sua primeira visita à Índia desde o início do conflito.
⇒ O Ministério da Defesa romeno anunciou, em comunicado, ter iniciado uma investigação sobre um possível ataque de um drone russo perto da fronteira com a Ucrânia, informou a agência Europa Press. As autoridades romenas informaram que "fragmentos que podem ter vindo de um projétil (drone)" foram encontrados na tarde de quinta-feira numa área agrícola perto da cidade de Braila, nas margens do Danúbio. Braila fica a 30 quilómetros do porto ucraniano de Reni, no Danúbio, um alvo constante dos ataques russos. Durante o ano passado, vários drones russos caíram em solo romeno nesta região, segundo a agência de notícia alemã DPA.
⇒ As necessidades de mobilização da Ucrânia são agora mais baixas do que aquilo que tinha sido antecipado por Volodymyr Zelensky em dezembro passado, quando o Presidente ucraniano falou em meio milhão de novos militares. Através de uma entrevista divulgada nesta sexta-feira e citada pelo ‘The Guardian’, o comandante das forças ucranianas, Oleksandr Syrskyi, afirmou que o número foi reduzido “significativamente” após uma reavaliação dos recursos, embora não tanha adiantado uma nova previsão.
⇒ Oleksandr Syrsky também afirmou que a Rússia está seis vezes mais armada do que as forças ucranianas nas linhas da frente, causando perdas de tropas e posições. “Há alguns dias, a vantagem do inimigo em termos de munições disparadas era de cerca de seis para um”, disse Syrsky à agência de notícias Ukrinform. “As forças de defesa estão agora a desempenhar tarefas ao longo de toda a vasta linha da frente, com poucas ou nenhumas armas e munições”, alertou, dizendo que a situação é “tensa” em algumas áreas.
⇒ A Ucrânia recebeu uma parcela de 1,5 mil milhões de dólares de financiamento ao abrigo de um programa do Banco Mundial, revelou o primeiro-ministro Denys Shmyhal, dinheiro que ajudará o país a suportar o seu orçamento e as despesas sociais enquanto se defende contra a invasão russa. A Ucrânia depende da ajuda financeira dos seus parceiros ocidentais, mas o financiamento estrangeiro diminuiu nos primeiros dois meses de 2024. Um pacote de ajuda dos EUA foi bloqueado pelos republicanos no Congresso durante vários meses. O novo pacote de ajuda do Banco Mundial foi financiado pela Grã-Bretanha e pelo Japão, disse Shmyhal.