Guerra na Ucrânia

Rússia ataca Kiev com 31 mísseis e Zelensky apela por mais defesa aérea: o que marcou o 767º dia de guerra na Ucrânia

As autoridades de Kiev dizem ter destruído os mísseis russos que atacaram a capital ucraniana na madrugada desta quinta-feira. Pelo menos três pessoas morreram durante ataques aéreos em várias cidades da Ucrânia. Zelensky apelou ao envio de mísseis Patriot para ajudar a combater as forças russas

STATE EMERGENCY SERVICE OF UKRAINE HANDOUT

“Este terror continua dia e noite” afirmou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, referindo-se ao ataque aéreo russo que atingiu a capital ucraniana na madrugada desta quinta-feira.

Segundo a Força Aérea da Ucrânia, todos os 31 mísseis de cruzeiro e balísticos que a Rússia disparou terão sido destruídos, naquele que foi o primeiro ataque russo com mísseis contra Kiev nos últimos 44 dias. Os fragmentos dos mísseis acabaram por atingir vários edifícios em pelo menos três bairros da capital ucraniana e 13 pessoas ficaram feridas, de acordo com o balanço das autoridades locais.

Na rede social X (antigo Twitter), o Presidente ucraniano apelou aos países ocidentais que tenham "vontade política" para ajudar a Ucrânia a enfrentar a Rússia e enviem mais sistemas antiaéreos. Na mesma publicação, Zelensky mencionou os mísseis Patriot que são fornecidos pelos Estados Unidos e reforçou que as forças russas não têm mísseis capazes de contornar esse tipo de sistema antiaéreo.

Noutra publicação na mesma rede social, Zelensky referiu que “cada ataque terrorista levado a cabo pela Rússia demonstra que as sanções globais contra o regime de Putin continuam a ser insuficientes”. O Presidente ucraniano acusou, sem referir nomes, alguns países de produzir os mísseis utilizados pela Rússia e que são transportados para o país através de “esquemas duvidosos”.

“É imperativo bloquear tais esquemas e aqueles que os apoiam. São precisas mais sanções. Deve haver maior responsabilização pelos esquemas de evasão de sanções”. Segundo Zelensky, só nesta quinta-feira, foram “encontrados mais de 1500 componentes trazidos de países normais para o estado terrorista.”

Também nesta quinta-feira, três pessoas morreram e outras ficaram feridas em ataques aéreos russos contra várias cidades da Ucrânia, para além de Kiev. Na cidade de Kherson, uma pessoa morreu depois do prédio onde se encontrava ter sido atingido por mísseis russos, segundo Oleksander Prokudin, governador da cidade.

Em Mykolaiv, uma pessoa morreu e outras seis ficaram feridas como consequência de vários ataques aéreos na região. A terceira vitima mortal foi registada na cidade de Novokhrodivka, localizada na província de Donetsk, leste da Ucrânia, após um ataque russo, segundo o governador da região, Vadim Filashkin.

Face aos constantes ataques russos no país, o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmygal, estima que serão necessários cerca de 450 mil milhões de euros para que a Ucrânia consiga recuperar dos danos causados. Shmygal, defendeu ainda que os bens russos congelados devem servir para financiar a reconstrução da Ucrânia. Também, Volodymyr Zelensky, considera que essa é a decisão mais “justa" para “restaurar a vida na Ucrânia”.

O primeiro-ministro ucraniano falou ainda sobre as medidas que podem vir a ser tomadas quando “a Ucrânia for declarada vencedora da guerra”. Shmygal, falou na hipótese de impor um "imposto especial sobre os recursos russos" - como o petróleo e o gás.

OUTRAS NOTÍCIAS QUE MARCARAM O DIA

O secretário-geral da NATO alertou, esta quinta-feira, para a falta de munições das forças de Kiev e sublinhou que a "situação no campo de batalha continua muito difícil". Jens Stoltenberg, relembrou que os países membros devem “ser capazes de aumentar os gastos na defesa quando as tensões se agravam". Na mesma conferência de imprensa, o secretário-geral revelou que estão previstas “novas medidas” para fortalecer o apoio à Ucrânia e que serão adotadas após a cimeira de Washington, em julho.

⇒ Vários grupos russos pró-ucranianos, garantiram que, vão expandir as suas incursões militares em território da Rússia, reclamando a abertura de "uma segunda frente" no conflito. Um dos líderes dos vários grupos, afirmou que, um dos seus objetivos é "hastear a bandeira" do seu grupo no Kremlin e estabelecer um "governo de orientação nacionalista" em Moscovo. Os membros destes grupos garantem que a luta será alargada a “outras cidades” russas.

⇒ A Rússia reivindicou, esta quinta-feira, ter conquistado a aldeia de Tonenké, a oeste da cidade de Avdiïvka, na Ucrânia. O Ministro da Defesa russo afirmou que a aldeia foi “libertada graças às ações coordenadas das unidades do grupo de tropas centrais”As forças russas estão também a preparar uma ofensiva em direção às aldeias de Semenivka e Umanske, segundo o canal Telegram Rybar próximo do exército russo

⇒ O chefe das Forças Armadas de Kiev, Oleksandr Sirski, afirmou, esta quinta-feira, que as tropas ucranianas conseguiram estabilizar a situação nas frentes de leste, numa altura em que estes militares enfrentam a falta de munições para combater as forças russas.

Pode rever tudo o que aconteceu no 766º dia guerra aqui.

Artigo de Mariana Jerónimo, editado por Mafalda Ganhão