“Uma votação de 99% teria parecido demasiado soviética; 70% sugeririam que uma minoria significativa estava contra Putin, mas algo na ordem dos 80% pareceu-lhe certo." É desta forma que Alexander Motyl, professor de Ciência Política na Universidade Rutgers-Newark, nos Estados Unidos da América, e autor de várias obras sobre a Ucrânia e a Rússia, enquadra os resultados das eleições russas. Apesar de a recondução do Presidente não ser surpreendente, a obtenção de um recorde de 76 milhões de votos e de 87% das preferências dos eleitores inspira várias leituras, sobretudo se consideradas as denúncias de fraudes eleitorais no país.
“O Governo limitou quem poderia concorrer, e assassinou um dos maiores membros da oposição, além de os resultados terem sido manipulados”, declarou William Alberque, diretor de Estratégia, Tecnologia e Controlo de Armas do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Berlim. “Diria que a manipulação de mostra a fragilidade e o medo da liderança de Putin.”
Após os três dias de votações, um grupo de monitorização eleitoral classificou as eleições presidenciais russas como as mais fraudulentas e corruptas da sua História. A ONG “Golos” afirmou que os resultados não eram legítimos, já que “a campanha ocorreu numa situação em que os artigos fundamentais da Constituição russa, que garantem os direitos e liberdades políticas, não estavam essencialmente em vigor”.