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Guerra na Ucrânia

“Libertar a Rússia das garras de Putin”: grupos armados pró-ucranianos que invadiram fronteira pretendem “influenciar as eleições”

As forças pró-ucranianas estão a realizar incursões em território russo, e chegaram a capturar temporariamente uma aldeia na região fronteiriça de Kursk. Trata-se de uma réplica de operações já acontecidas na primavera de 2023, mas que ocorrem num contexto militar e político diferente: impasse na linha da frente e eleições russas

Kursk
OLGA MALTSEVA

Não há “nenhuma evidência em contrário”: tudo indica que a Rússia esteja a viver uma reminiscência de operações semelhantes, que já tinham ocorrido na primavera de 2023, mas que hoje acontecem num contexto militar e político muito diferente. Três batalhões pró-ucranianos, compostos por recrutas russos, lançaram uma incursão no sul da Rússia. Os três grupos armados de combatentes russos exilados - a Legião da Liberdade para a Rússia, o Batalhão Siberiano e o Corpo de Voluntários Russos (RDK) - operam em estreita colaboração com os militares ucranianos, e dizem ter atravessado a fronteira para as regiões do sul de Kursk e Belgorod. A guarda nacional russa respondeu, na quinta-feira, dizendo estar a lutar contra os ataques de grupos pró-ucranianos. De acordo com analistas da área da defesa, o ataque transfronteiriço destina-se a semear o caos antes das tão esperadas eleições que deverão reconduzir Vladimir Putin, neste fim de semana.

As forças pró-ucranianas chegaram a afirmar na terça-feira terem assumido o controlo total de uma aldeia russa. A Legião da Liberdade para a Rússia, composta principalmente por combatentes russos anti-Putin, publicou um vídeo que expunha soldados russos a abandonar Tetkino, na região de Kursk. Os ataques terão sido realizados com o apoio de “tanques, veículos blindados e drones”, segundo o Instituto para o Estudo da Guerra, um grupo de investigação com sede em Washington. “Provavelmente surgiu uma oportunidade, potencialmente uma fraqueza nas forças de cobertura russas naquela parte da fronteira”, diz ao Expresso Harry Halem, investigador principal do Instituto Yorktown, organização norte-americana dedicada à defesa.