Nesta quarta-feira, o 721.º dia de guerra, o novo comandante das Forças Armadas ucranianas reconheceu que a situação no campo de batalha é “extremamente complexa”. Oleksandr Syrsky admitiu que Kiev tem falta de homens e armas, enquanto um novo pacote de ajuda norte-americana está bloqueado no Congresso.
O conselheiro de Segurança Nacional do Presidente norte-americano, Jake Sullivan, confirmou “ouvir com cada vez mais frequência que o Exército ucraniano está a racionar munições ou mesmo a ficar sem elas na linha da frente”, pelo que apelou ao Congresso para pôr fim à “inação dos Estados Unidos”.
Apesar de tudo, Kiev continua a infligir danos à frota russa no mar Negro, tendo reivindicado a responsabilidade pela destruição de mais um navio, que navegava ao largo da Península da Crimeia, ocupada por Moscovo desde 2014.
“As Forças Armadas da Ucrânia, em colaboração com as unidades de informações militares (GRU), destruíram o grande navio de assalto anfíbio Kunikok”, refere uma nota do Estado Maior ucraniano divulgada através das redes sociais. Uma segunda nota do GRU acrescenta que a maioria dos tripulantes do navio russo morreu.
Já o Ministério da Defesa russo evitou comentar no seu relatório de guerra o naufrágio deste navio, que fazia parte do chamado Projeto 775, do qual 28 unidades foram construídas entre 1974 e 1991, quando a União Soviética foi dissolvida.
A NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) saudou as “pesadas perdas” infligidas à Rússia no mar Negro, classificando-as como “um grande êxito” das forças ucranianas.
Mais notícias que marcaram o dia
⇒ O Arcebispo Metropolita da Igreja Greco-Católica Ucraniana acusou a Rússia de praticar genocídio na Ucrânia, fruto das “fantasias” de Vladimir Putin, que considera “um criminoso de guerra”. As palavras de Sviatoslav Shevchukdo foram proferidas numa conferência sobre as necessidades e desafios que o povo ucraniano enfrenta desde 2014 e como a Igreja está a lidar com a situação.
⇒ A Rússia vai passar a confiscar o dinheiro e bens de pessoas condenadas pela divulgação de “informações falsas” sobre o exército russo, segundo uma lei promulgada pelo Presidente Putin. Moscovo proibiu as críticas ao exército pouco depois de ter lançado a ofensiva, a 24 de fevereiro de 2022.
⇒ O secretário-geral da NATO anunciou que 18 dos 31 países da Aliança Atlântica já investiram pelo menos 2% do PIB na área da defesa. O anúncio de Jens Stoltenberg foi feito em conferência de imprensa no quartel-general da NATO, em Bruxelas, numa antevisão da reunião ministerial na quinta-feira e a anteceder uma reunião do Conselho NATO-Ucrânia.
⇒ Quase um ano após ter prometido entregar um milhão de munições de artilharia à Ucrânia, a União Europeia reconhece que falhou e corre contra o tempo para aumentar a produção e abastecimento, inferior ao russo.
⇒ Os EUA reiteraram, perante a coligação de 50 países que apoiam a Ucrânia a nível militar, que vão continuar ao lado de Kiev face à “agressão imperialista” da Rússia, mesmo enquanto a ajuda financeira norte-americana está bloqueada no Congresso.
⇒ A Coordenadora Humanitária da ONU para a Ucrânia defendeu que os hospitais devem ser sempre um porto seguro, condenando um bombardeamento que vitimou civis ao atingir um hospital, habitações e outras infraestruturas em Selydove, na região de Donetsk.