É pela Roménia que passa cerca de 60% do trânsito de cereais ucranianos. O Governo em Bucareste é pró-NATO e pró-UE, sem fazer disso segredo, e o país tem sido um dos mais importantes apoios logísticos para Kiev na guerra contra os russos. No horizonte político surgem, porém, fantasmas. A subida da União dos Romenos (AUR, direita radical) nas sondagens, onde ocupa o segundo lugar para as legislativas de 2024, é motivo de preocupação em Bruxelas e em Kiev.
O AUR tem 20% das intenções de voto. Está atrás do PSD (social-democrata, 30%), no poder, mas à frente do outro partido da coligação de Governo, o liberal PNL (18%). O AUR não esconde o seu férreo euroceticismo, na Roménia temperado por teorias da conspiração, e o seu pendor saudosista dos tempos da URSS. A propaganda russa tem aqui terreno fértil. E a nova bandeira dos líderes do AUR é a recuperação dos territórios que um dia fizeram parte da Roménia e são hoje pertencentes à Ucrânia.
Claudiu Tarziu, um dos dois dirigentes principaus do AUR, afirmou na semana passada que o seu país deveria “reunificar-se” com a Moldávia e com as regiões fronteiriças ucranianas da Bessarábia, Bucovina do Norte e Transcarpátia, segundo o site romeno “G4media”, entretanto traduzido por outros meios, como o “Kyiv Post”. Em janeiro de 2023, Tarziu esteve em Portugal, a convite do Chega.