Guerra na Ucrânia

Força aérea ucraniana abate dois aviões russos, ONU pede que “não se esqueçam da Ucrânia”: o que marcou o 691.º dia de guerra

Ambos os aviões que a força aérea ucraniana diz ter abatido estavam a sobrevoar o Mar de Azov. Nações Unidas precisam de 3,8 mil milhões de euros para ajuda humanitária à Ucrânia este ano. A pedido do Presidente ucraniano, Suíça aceita acolher cimeira mundial de paz. Eis um resumo dos principais acontecimentos nesta segunda-feira

Um dos aviões russos A-50, em 2020
Anadolu

O início da semana ficou marcado pelo abate pelo exército ucraniano de dois aviões de comando aéreo russos. O comandante-chefe das forças armadas ucranianas, Valery Zaluzhny, disse que a força aérea destruiu um avião de deteção de radar de longo alcance A-50 e um avião de centro de controlo Il-22.

Ambos os aviões estavam a sobrevoar o Mar de Azov e não se sabe ao certo como é que a Ucrânia os conseguiu atingir e abater. As autoridades russas declararam não ter “qualquer informação” sobre o que aconteceu exatamente. O incidente é um golpe para a aviação russa e poderá ser um impulso moral para as forças ucranianas. De acordo com o Ministério da Defesa do Reino Unido, o Kremlin tem apenas seis A-50 em serviço.

Outras notícias que marcaram o dia:

⇒ A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que precisa de 3,8 mil milhões de euros para ajuda humanitária à Ucrânia em 2024 e para apoiar os refugiados que fugiram desde a invasão russa. Segundo a ONU, 14,6 milhões de pessoas necessitarão de ajuda humanitária este ano, ou seja, 40% da população. “Por favor, não se esqueçam da Ucrânia, enquanto há muitos outros lugares no mundo que chamam a nossa atenção”, pediu Martin Griffiths, subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários.

⇒ A União Europeia já recebeu mais de 3000 doentes ucranianos, transferidos para receberem tratamento hospitalar especializado. A operação, lançada em março de 2022 e organizada pelo Centro de Coordenação de Resposta de Emergência, é classificada como o maior processo de evacuação médica realizado até à data.

⇒ A Suíça aceitou acolher uma cimeira mundial de paz sobre a Ucrânia, a pedido do Presidente ucraniano. Não foram avançados detalhes sobre os participantes, a data nem o local específico em que decorrerá o evento. “Estamos abertos a todos os países que respeitam a nossa soberania e integridade territorial na cimeira de paz, por isso tirem conclusões sobre quem convidamos”, afirmou Volodymyr Zelensky.

O Presidente ucraniano com a homóloga da Suíça, Viola Amherd, nesta segunda-feira, dia em que começou o Fórum Económico Mundial, em Davos
ALESSANDRO DELLA VALLE

⇒ O porta-voz do Kremlin indicou que a Rússia e a Coreia do Norte estão a “desenvolver parcerias”. “A Coreia do Norte é o nosso vizinho e parceiro mais próximo, com quem estamos a desenvolver e tencionamos continuar a desenvolver parcerias em todas as áreas”, afirmou Dmitry Peskov. “O diálogo a todos os níveis vai continuar. Aguardamos com expetativa negociações intensas e frutuosas”, acrescentou. O ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano iniciou uma visita a Moscovo nesta segunda-feira.

⇒ O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia propôs ao Governo polaco a criação de uma aliança entre os dois países vizinhos no seio da União Europeia, argumentando que tal passo iria fortalecer as relações bilaterais e a Europa. “Penso que deveríamos falar sobre isto porque tornaremos a Polónia mais forte e a Polónia irá tornar-nos mais fortes”, disse Dmytro Kuleba.

⇒ O Ministério da Defesa do Reino Unido apontou que a Rússia terá “inflacionado substancialmente” o número de pessoas que diz terem entrado para as forças armadas do país e que é “muito provável” que “o recrutamento militar russo para sustentar a guerra tenha vindo desproporcionadamente das comunidades regionais rurais e empobrecidas” da Rússia.

⇒ O porta-voz dos serviços de informações da Ucrânia afirmou que “entre 1000 e 1100” russos alistam-se todos os dias voluntariamente no exército. Vadim Skibitski aponta como motivo os salários de 220 mil a 250 mil rublos por mês (2280 a 2600 euros) que são pagos aos recrutas que assinam contratos com as forças armadas russas para combater na frente ucraniana.

⇒ A Ucrânia acusou a Rússia de utilizar armas químicas proibidas nas operações militares em território ucraniano, contabilizando 626 casos de utilização deste tipo de munições. O Estado-Maior General das Forças Armadas ucranianas indica que 51 destes casos terão ocorrido já em 2024 e alerta que a utilização deste tipo de munições “está a aumentar”.

⇒ Mais de 20 pequenas empresas finlandesas propriedade de cidadãos russos forneceram à Rússia alta tecnologia e componentes de uso militar durante a guerra na Ucrânia, contornando as sanções europeias. Pelo menos nove clientes destas empresas possuem ligações diretas com a indústria militar russa ou com agências de informações, incluindo o Serviço Federal de Segurança.

⇒ A Rússia declarou que condenou mais de 200 prisioneiros de guerra ucranianos a longas penas de prisão, alguns dos quais a prisão perpétua. “Mais de 200 militares ucranianos foram condenados a longas penas de prisão por terem assassinado civis e maltratado prisioneiros [de guerra]”, disse Alexander Bastrykin, líder do Comité de Investigação da Rússia. O responsável não especificou se os soldados foram condenados na Rússia ou na Ucrânia ocupada.