Um acordo bilateral de segurança que se mantenha em vigor por dez anos ou até que a Ucrânia possa aderir à NATO e também um compromisso “sem precedentes”: o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, assinaram, nesta sexta-feira, em Kiev, uma garantia de apoio ao país em guerra. É do entendimento de Sunak que, se o Reino Unido vacilasse no seu apoio à Ucrânia, isso encorajaria Vladimir Putin e “os seus aliados na Coreia do Norte, no Irão, entre outros". Em conferência de imprensa ao lado de Volodymyr Zelensky, o primeiro-ministro britânico afirmou: “Os nossos opositores em todo o mundo acreditam que não temos paciência, nem recursos, para guerras longas.”
O chefe do Governo do Reino Unido visitou, nesta sexta-feira, 688º. dia do conflito, a capital ucraniana, onde anunciou o aumento do financiamento para ajuda militar para 2,5 mil milhões de libras (2,9 mil milhões de euros) em 2024. De acordo com o gabinete de Sunak, o pacote vai pagar mísseis de longo alcance, milhares de drones, defesa aérea, munições de artilharia e segurança marítima. "Este é um sinal para o mundo: a Ucrânia não está sozinha", congratulou-se Zelensky.
O anúncio de mais verbas, por parte dos britânicos, acontece apenas horas depois de a Presidência dos Estados Unidos ter assegurado que a ajuda militar que o país tem prestado à Ucrânia "parou por completo" devido à falta de acordo no Parlamento norte-americano. "A ajuda que fornecíamos até agora parou por completo", disse o porta-voz da Casa Branca John Kirby em conferência de imprensa. O futuro da ajuda dos EUA à Ucrânia será, por isso, decidido no Congresso, o Parlamento norte-americano, onde os democratas controlam a câmara alta, o Senado, e os republicanos controlam a Câmara dos Representantes. O Presidente democrata dos EUA, Joe Biden, pediu ao Congresso que aprovasse mais 55,6 mil milhões de euros em ajuda à Ucrânia, mas a oposição republicana exige em contrapartida a implementação de medidas para controlar a fronteira com o México.
Ainda assim, Zelensky confessou-se mais confiante agora, do que no mês passado, de que a Ucrânia conseguirá a ajuda financeira dos Estados Unidos. "Estou a olhar para isso com mais otimismo do que em dezembro, acho que conseguiremos”, reconheceu, também na conferência de imprensa em Kiev.
Ministros dos Negócios Estrangeiros de 50 países, incluindo Portugal, e a União Europeia condenaram, nesta sexta-feira, a transferência de mísseis balísticos da Coreia do Norte para a Rússia que foram utilizados contra a Ucrânia. "Condenamos com a maior veemência possível a exportação pela República Popular Democrática da Coreia (RPDC) e a aquisição pela Rússia de mísseis balísticos da RPDC, bem como a utilização desses mísseis pela Rússia contra a Ucrânia a 30 de dezembro de 2023 e 2 de janeiro de 2024", refere o comunicado publicado pelo Governo britânico.
Outras notícias a destacar:
⇒ Um assessor presidencial ucraniano disse estar confiante quanto a um projeto de lei, que foi alterado, e que procura tornar mais rígidas as leis de mobilização da Ucrânia. A medida deverá ser aprovada nos próximos dias ou semanas, apesar de ter sido criticada, antes das modificações.
⇒ Milhares de ucranianos trataram de se alistar imediatamente após a invasão da Rússia, em fevereiro de 2022, mas, quase dois anos depois do início da guerra, alguns homens estão a tentar escapar aos combates, noticia a “Reuters”.
⇒ Uma base naval russa na Abkhazia, um território separatista reconhecido internacionalmente como parte da Geórgia, pode tornar-se operacional em 2024, avançou nesta sexta-feira a agência de notícias estatal russa RIA. As autoridades russas e do território separatista concordaram, em outubro, que a Rússia poderia abrir uma base naval permanente na cidade de Ochamchire, informou a Reuters.
⇒ O antigo Presidente russo, Dmitry Medvedev, vincou que o envio de qualquer contingente militar britânico para a Ucrânia seria uma declaração de guerra contra a Rússia. Em reação à visita do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, a Kiev, Medvedev perguntou como reagiriam os ocidentais se a delegação de Sunak fosse atacada por bombas de fragmentação, como o representante russo disse ter acontecido na cidade de Belgorod, no sul da Rússia.
⇒ Os turistas russos que vão realizar uma viagem para esquiar na Coreia do Norte serão os primeiros viajantes internacionais a visitar o país desde que as suas fronteiras foram encerradas em 2020, durante a pandemia.
⇒ Também num sinal de estreitamento de relações entre Pequim e Moscovo, foi revelado que o comércio da China com a Rússia atingiu um nível recorde em 2023, enquanto as trocas comerciais chinesas com os Estados Unidos diminuíram pela primeira vez desde 2019.
⇒ Várias localidades da região russa de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, ficaram sem eletricidade após um ataque de artilharia das forças ucranianas, revelou o líder do executivo local, Viacheslav Gladkov. "Os cortes de eletricidade afetam os habitantes das aldeias de Glotovo, Bezimeno, e parcialmente as localidades de Gora-Podol e Kozinki", escreveu Gladkov no Telegram.