Um cessar-fogo na guerra na Ucrânia não levaria ao diálogo político e apenas beneficiaria a Rússia. É a convicção de Volodymyr Zelensky, que o partilhou nesta quinta-feira durante uma visita à Estónia. O líder ucraniano reuniu-se com os líderes do país, durante a sua viagem pela região do Báltico. Já na Letónia, o Presidente da Ucrânia afirmou que um "conflito congelado" permitiria à Rússia recrutar uma nova geração de jovens russos serviriam como "carne para canhão" quando os combates fossem reiniciados. Em conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo letão Edgars Rinkevics, frisou ainda que as guerras terminam, enquanto "os conflitos congelados não têm fim". Uma situação na qual uma paralisia na guerra, sem resolução, permitiria à Rússia alimentar a sua população com "narrativas e desinformação" que justificariam o reinício dos combates mais adiante, alegou ainda. “Uma paz duradoura requer investimento a longo prazo nas nossas capacidades de defesa”, apelou o Presidente da Estónia, Alar Karis, num momento em que os líderes ucranianos visitaram Talin.
A Ucrânia tem construído barricadas e escavado trincheiras, num momento em que os ucranianos decidem apostar numa estratégia defensiva. Repórteres da agência Reuters visitaram trincheiras feitas com escavadoras, e mesmo pás, num local não especificado da região de Chernihiv, perto da fronteira com a Rússia.
A Suíça vai sediar conversações sobre o que será a fórmula de paz. O evento acontecerá em Davos no domingo, e será o quarto do género e o maior, até agora.
Dois mísseis russos atingiram um hotel em Kharkiv na noite de quarta-feira, ferindo 13 pessoas, incluindo jornalistas turcos. Sergiy Tomilenko, presidente do sindicato de jornalistas da Ucrânia, afirmou, nesta quinta-feira, que os ataques servem para “intimidar os trabalhadores da comunicação social, a fim de limitar a cobertura da guerra”.
A Ucrânia é efetivamente um local de testes para mísseis nucleares norte-coreanos, uma vez que o regime de Kim Jong-un está a fornecer à Rússia mísseis balísticos capazes de lançar uma bomba atómica, garante a Coreia do Sul.
Outras notícias em destaque:
⇒ O Parlamento da Ucrânia recusou-se a debater um controverso projeto de lei para recrutar mais soldados. Após uma reunião à porta fechada com os líderes militares da Ucrânia, David Arakhamia, líder do partido no poder ("Servo do Povo"), disse que “algumas disposições violam os direitos humanos”.
⇒ O ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria, Péter Szijjártó, adiantou que poderá encontrar-se com o seu homólogo ucraniano a 29 de janeiro.
⇒ Turquia, Bulgária e Roménia assinaram, em Istambul, um memorando para um entendimento na base do Grupo Naval de Contramedidas contra Minas no Mar Negro. O grupo servirá para supervisionar as operações de desminagem no Mar Negro e garantir águas seguras após a guerra.
⇒ A região russa de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, está a passar por “tempos difíceis” devido ao recente bombardeamento ucraniano, admitiu o líder do executivo regional, Vyacheslav Gladkov.
⇒ Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia e um dos grandes aliados de Putin, voltou a alertar que quaisquer ataques ucranianos com armas fornecidas pelos EUA e seus aliados a locais de lançamento de mísseis na Rússia comportam o risco de uma resposta nuclear de Moscovo.
⇒ Nikki Haley e Ron DeSantis, que disputam as primárias republicanas nos EUA, dividiram-se quanto ao prolongamento do apoio à defesa da Ucrânia, durante um debate na noite de quarta-feira. DeSantis sugeriu que não se tratava de uma das principais prioridades dos EUA e acusou Haley de querer um “compromisso amplo", já que o opositor definiu o apoio a Kiev e o fim da guerra como uma prioridade vital dos EUA.