Faz na próxima semana (dia 21) 10 anos que os protestos eclodiram na Praça da Independência, em Kiev, e noutras praças do país, incluindo na Crimeia. Centenas de milhares de ucranianos manifestaram-se contra a recusa do então Presidente Yanukovych em assinar um acordo de cooperação com a União Europeia. Kiev afastava-se da Europa e aproximava-se de Moscovo. Durante três meses ninguém arredou pé da praça, que se tornou uma trincheira da liberdade, com sangue, suor e lágrimas. Yanukovych fugiu para a Rússia, a Crimeia foi anexada ilegalmente e a guerra começou no Leste com insurgências separatistas apoiadas por Moscovo. As cidades de Kharkiv, Odessa e Mariupol mostraram bem que patriotas ucranianos podiam falar russo.
Desde a Revolução no Granito, em 1990, que a Ucrânia se procura a si mesma. Primeiro a independência, em 1991, depois a Revolução Laranja (2004), com a luta por eleições democráticas, na rota para a UE. A Revolução da Dignidade (Euromaidan, 2014) sedimentou a reforma do Estado e o sonho de adesão. O dia 24 de fevereiro de 2022 — invasão da Ucrânia pela Rússia — tornou tudo preto e branco em relação à Federação Russa, e o desejo estendia-se à integração na NATO sem as hesitações do passado.