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Guerra na Ucrânia

Porta-voz do MNE ucraniano: quando a guerra acabar, a futura liderança da Rússia terá que vir a Kiev “inclinar-se perante o povo ucraniano”

Só com uma “transformação como, em seu tempo, sofreu a Alemanha”, poderão as relações entre a Rússia e a Ucrânia encontrar um caminho para a normalização. Em entrevista ao Expresso, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Oleg Nikolenko, explica também que Kiev compreende que as atenções do mundo estejam agora focadas no conflito em Israel. Mas sublinha: “É preciso ver quão vantajosa é esta situação para a Rússia”

Porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Oleg Nikolenko
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Com as atenções voltadas para a guerra entre Israel e o Hamas e a propagação pelo Ocidente da narrativa do “cansaço com a guerra na Ucrânia”, a posição do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Kiev é clara: “temos que ser otimistas. Sem otimismo, não conseguiremos atingir os nossos objetivos”. E os objetivos dos líderes ucranianos são muitos e exigem muito trabalho: combater a corrupção no país, reforçar as relações diplomáticas com África, América Latina e Ásia, entrar na União Europeia, tornar a Ucrânia membro da Aliança Atlântica e, em primeiro lugar, vencer a guerra.

Em entrevista ao Expresso, o porta-voz do MNE ucraniano, Oleg Nikolenko, explica que a Ucrânia tem garantias de que vai continuar a ser apoiada financeiramente pelos Estados Unidos, apesar de o apoio à Ucrânia ter ficado de fora na votação de final de setembro do financiamento provisório, no Congresso. “Acreditamos que não se trata de um processo sistémico, mas sim de uma decisão pontual.”

Nikolenko diz que “Portugal é amigo e parceiro”, com quem a Ucrânia conta para a propagação da Fórmula da Paz, divulgada em fevereiro deste ano por Volodymyr Zelensky e que deverá ter, este mês, uma terceira cimeira dedicada inteiramente aos dez pontos que constam no documento. O porta-voz do MNE não vê perspetivas de a Ucrânia se sentar à mesa das negociações com a Rússia. “A Rússia não quer paz. A Rússia reforça a agressão, reforça os ataques, reforça os crimes contra os ucranianos.”