Exclusivo

Guerra na Ucrânia

Guerra na Ucrânia: “No próximo ano, no final do verão, estaremos nas fronteiras oficiais do nosso país”

Roman Svitan, coronel na reserva das Forças Armadas da Ucrânia considera que a desintegração da Rússia em repúblicas independentes é inevitável. Em entrevista ao Expresso, faz o balanço do estado atual da contraofensiva, prevê o final da guerra para o próximo ano, comenta a ameaça nuclear e explica o porquê de considerar António Guterres “um escroque”

Roman Svitan é um coronel na reserva das Forças Armadas da Ucrânia
DR

Roman Svitan é uma das vozes mais ouvidas na Ucrânia entre a esfera dos especialistas militares. Coronel na reserva das Forças Armadas, foi uma das figuras centrais da resistência no início do conflito no Donbas, na primavera de 2014. Na altura, era conselheiro militar do governador de Donetsk. Depois da ocupação, ficou na cidade para liderar os movimentos dos rebeldes até ser capturado, em junho do mesmo ano. Em cativeiro foi torturado, “com recurso a métodos padrão dos russos” como “agulhas debaixo das unhas, ferro de soldar, cortes com facas e uma série de outras coisas”. Svitan chegou mesmo a morrer clinicamente, conta ao Expresso, para depois ser salvo, numa tentativa por parte dos separatistas e dos russos de extorquir mais informação. Método humilhante de obtenção de informação que se “multiplica por milhares de soldados ucranianos que estão agora em cativeiro”.

Em entrevista ao Expresso, aborda a previsão do fim da guerra, a desintegração da Federação da Rússia em repúblicas independentes e a reconquista da península da Crimeia. O especialista militar garante que “é com o apoio de pequenos países como Portugal que a Ucrânia constrói o seu grande exército”. Sobre António Guterres, o secretário-geral das Nações Unidas, a conversa é mais dura. “Para nós, Guterres é um escroque”, lança Svitan, explicando que o acordo para a exportação dos cereais celebrado através da Turquia e da ONU “ata as mãos à Ucrânia”, impedindo os ataques à frota naval russa. Roman Svitan considera ainda que a ameaça nuclear é uma farsa utilizada pela Rússia para assustar o Ocidente e que a contraofensiva é lenta porque sem aviões de combate não pode ser de outra forma.