À visita surpresa do Presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, à Ucrânia, em julho, seguiu-se a viagem do ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, a Pyongyang, para ali participar nas celebrações dos 70 anos desde o fim da Guerra da Coreia. As delegações russas nunca antes haviam marcado presença na efémeride, que, segundo a Coreia do Norte, marca “a vitória sobre os imperialistas norte-americanos e os seus fantoches da Coreia do Sul”. Desta vez, foi diferente. Até a decoração, com bandeirinhas vermelhas, indiciava um ambiente de nostalgia em relação à proximidade vivida durante os anos 1950 e praticamente até ao fim da União Soviética.
Não é coincidência, segundo os analistas, que o encontro de Kim Jong Un com Putin, na Rússia, se propicie (o líder norte-coreano chegou ao país esta terça-feira). De acordo com o Kremlin, o Presidente da Rússia e o líder da Coreia do Norte vão debater "questões sensíveis" que não serão divulgadas, e que são importantes para "os interesses" dos dois países. "Como é óbvio, sendo vizinhos, os nossos países também cooperam em áreas sensíveis, que não devem ser objeto de qualquer divulgação ou anúncio público", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos jornalistas em Vladivostok, no extremo oriente russo.
Com a invasão da Ucrânia, a velha dinâmica da Guerra Fria no Nordeste da Ásia - Moscovo-Pequim-Pyongyang versus Washington-Seul-Tóquio - regressou com toda a força. É o que tem observado Sung-Yoon Lee, investigador do Woodrow Wilson Center, um ‘think tank’ em Washington, e autor de “The Sister: North Korea's Kim Yo Jong, the Most Dangerous Woman in the World” ["A irmã: Kim Yo Jong da Coreia do Norte, a mulher mais perigosa do mundo"].