O caso Wagner desembocou num enredo em aberto. Sem o anunciado exílio, ou a inusitada morte de Yevgeny Prigozhin, após a resignação de Vladimir Putin pela solução pacífica do motim, através de um acordo intermediado pelo Presidente Bielorrusso, Aleksander Lukashenko: o desfecho da maior empreitada mercenária deste século permanece em suspenso.
O Kremlin deu três opções aos amotinados: o exílio na Bielorrússia, a incorporação nas forças armadas russas, ou a aposentadoria do exercício militar. A incorporação forçada dos assalariados nas forças oficiais de Moscovo desencadeou a aparente e aparatosa insubordinação a 26 de junho. Esse processo de assimilação já decorre, mas a dimensão internacional da rede paramilitar complica-o e impulsiona a hipótese de uma balcanização.
A Wagner transformou-se numa empresa paramilitar que subcontrata outros agentes de violência. Um universo complexo e de longos tentáculos. Nenhum grupo mercenário fundado neste século atingiu a dimensão global do liderado por Yevgeny Prigozhin. “Serão mais do que 600 empresas”, indica Dimitri Zufferey, analista da “All Eyes on Wagner”. Exemplifica: “A imprensa ocidental noticiou atividades na Venezuela, mas a Wagner nunca operou lá, apenas subcontratou outras empresas”. Segundo o analista, os soldados do exército privado na Europa não demonstram particular vontade em se alistarem nas forças oficiais do Kremlin.