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Guerra na Ucrânia

Até que a guerra não os separe. Mais promessas ou um caminho sólido para a Ucrânia na NATO? Tudo se decide na cimeira de Vilnius

As divisões e fraquezas no núcleo da Aliança Atlântica podem não ser tão visíveis como antes de a Rússia ter ressuscitado as piores memórias coletivas dos europeus, mas estão lá. O principal tema da cimeira da NATO, que começa esta terça-feira em Vílnius, será o calendário para a adesão da Ucrânia, mas importar uma guerra para dentro das fronteiras aliadas é perigo que suplanta, e muito, a vontade de integrar os ucranianos. Conseguirá o Presidente Volodymyr Zelensky, pelo menos, um convite formal? E que garantias de segurança lhe serão oferecidas enquanto espera pelo dia D?

CHEMA MOYA/EPA

Bucareste, abril de 2008: A Ucrânia e a Geórgia pedem um caminho claro em direção à NATO, mas nenhum lhes é oferecido. Fica a promessa em suspenso, sem qualquer resultado tangível.
Agosto desse mesmo ano: a Rússia dá início a uma invasão que há de resultar na conquista de 20% de território da Geórgia. Ainda hoje o detém.
Março de 2014: A Rússia invade a Crimeia e lança os seus exércitos incógnitos de mercenários para desestabilizar o Donbas.
Fevereiro de 2022: a Rússia dá início à invasão em larga escala da Ucrânia.

Até há dois anos, a NATO era uma espécie de camião articulado em fim de vida útil, pesado, ferrugento, a direção demasiado desalinhada para merecer o esforço de uma recauchutagem. Num recente livro sobre os anos da presidência de Donald Trump, os jornalistas Peter Baker e Susan Glasser contam quão perto o então líder dos Estados Unidos esteve de abandonar a Aliança Atlântica. É dos momentos mais surreais de todo o longo volume, intitulado “The Divider”, baseado em mais de 300 entrevistas com assessores, conselheiros e advogados que fizeram parte da equipa de Trump.