Guerra na Ucrânia

General norte-americano garante: contraofensiva ucraniana vai ser longa, difícil e muito sangrenta. "Não deve haver ilusões sobre isso"

O general Mark Milley acredita que a contraofensiva demorará pelo menos demorar de seis a 10 semanas, e garante que a tarefa não será fácil para os ucranianos, que têm de enfrentar campos minados e trincheiras estabelecidas pelos russos ao longo dos últimos meses

General Mark Milley
Anna Moneymaker

A contraofensiva ucraniana será difícil, prolongada e “muito sangrenta”, afirmou um alto funcionário militar norte-americano. Face aos progressos lentos que as tropas de Kiev têm feito nas últimas semanas, o general Mark Milley não revelou surpresa, constatando apenas que a Ucrânia está "a avançar de forma constante", noticia a BBC.

“Faz parte da natureza da guerra” que estes avanços ocorram de forma paulatina, analisou ainda o líder do Estado-Maior. “A guerra no papel e a guerra real são coisas distintas. Na guerra real, pessoas reais morrem. Pessoas reais estão nas linhas da frente, e estão em veículos blindados. Corpos reais estão a ser destruídos por explosivos.”

Numa audiência no National Press Club, em Washington, na sexta-feira, Mark Milley explicou que a contraofensiva está a “avançar continuamente, a abrir caminho ao longo de trincheiras e campos minados muito difíceis”. Os avanços serão na ordem dos “500 metros por dia, mil metros por dia ou dois mil metros por dia”. A esse ritmo, notou o general, a contraofensiva deverá arrastar-se ao longo de semanas. “O que eu disse foi que isto vai demorar seis, oito, 10 semanas, vai ser muito difícil. Vai ser muito longo e vai ser muito, muito sangrento. E ninguém deve ter ilusões sobre nada disto. Esta é literalmente uma luta pelas suas vidas.”

Volodymyr Zelensky tem acusado "alguns" parceiros ocidentais de atrasarem o treino prometido e destinado a pilotos ucranianos, em caças F-16 de produção norte-americana.

Apesar de já ter reconhecido que a contraofensiva ucraniana está a progredir lentamente, o Presidente da Ucrânia garante que as suas tropas estão a avançar “em todos os setores”. Segundo a Reuters, Kiev tem sido cautelosa ao divulgar publicamente as conquistas territoriais na contraofensiva que lançou no mês passado para recuperar o território ocupado pela Rússia.

O general Mark Milley, principal conselheiro militar do Presidente dos Estados Unidos da América, do secretário de Defesa e do Conselho de Segurança Nacional, sustentou ainda que os EUA estão a garantir à Ucrânia "a maior ajuda e a humanamente possível".

Valery Zaluzhny, o chefe do Estado-Maior ucraniano, disse, em contrapartida, que a contraofensiva tem sido prejudicada pela falta de poder de fogo adequado. Em entrevista ao jornal “The Washington Post”, publicada na sexta-feira, Valery Zaluzhny disse estar frustrado com a lentidão nas entregas de remessas armas prometidas pelo Ocidente, desde caças modernos até munição de artilharia: “Não preciso de 120 aviões. Não vou ameaçar o mundo todo. Bastaria um número bem limitado.”