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Guerra na Ucrânia

Ataque com drones em Moscovo: Ucrânia tem sido "cuidadosa", mas existe o risco de se entrar num "ciclo de ação e reação crescente"

À medida que aumentam a intensidade e agressividade dos ataques contra cidades ucranianas, passarão a ser mais frequentes as iniciativas militares em território russo. Os analistas de Defesa ouvidos pelo Expresso acreditam que Kiev está agora a enviar uma mensagem à Rússia: olho por olho, dente por dente

Edifícios residenciais foram visados nos ataques na região de Moscovo
KIRILL KUDRYAVTSEV

Em 15 meses de guerra nunca Moscovo, a 1000 km da Ucrânia, tinha sofrido um ataque de drones em larga escala. O Ministério da Defesa russo considerou “terrorista” a ação com oito drones com "artefactos explosivos que não detonaram", operação que atribuiu a Kiev. O autarca de Moscovo estimou em 25 os aparelhos aéreos não tripulados, e a imprensa russa apontou para oito drones envolvidos no ataque. Apesar de a escala da operação não ser um tema consensual, as autoridades russas acreditam que se trata de obra ucraniana. Uma teoria que, aliás, não choca os analistas, desta vez mais crentes de que Kiev tenha desejado enviar uma mensagem a Moscovo. “Sem dúvida, o ataque de drones de hoje em Moscovo é uma resposta aos 17 ataques com drones e mísseis da Rússia contra Kiev ao longo deste mês”, admite ao Expresso Cedric Leighton, analista militar da CNN e antigo responsável dos serviços secretos da Força Aérea norte-americana (onde trabalhou durante 26 anos). Mark Cancian, conselheiro do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um think tank em Washington, e antigo conselheiro do Departamento de Defesa norte-americano, também considera plausível a teoria de autoria ucraniana. “É provavelmente o caso, já que a Rússia tem atacado Kiev intensamente nas últimas semanas. Os ataques ucranianos a Moscovo não impedirão novos ataques a Kiev, mas sinalizarão à Rússia que tais ataques têm um custo.”