A 9 de maio do ano passado, Vladimir Putin tinha a iminente conquista de Mariupol para apresentar aos que ainda pudessem estar céticos quanto ao êxito da “operação especial” para “desmilitarizar” e “desnazificar” a Ucrânia. A cidade, de 500 mil habitantes antes da guerra, assente nas margens do mar de Azov, com turistas todo o ano e uma economia em crescimento, estava a dias de cair para o lado russo, e o Presidente sabia que era questão de dias. A 20 de maio, os últimos resistentes na metalúrgica de Azovstal acabaram por se render.
Este ano, o que se passa no terreno não adere à retórica de invencibilidade que os governantes russos há anos injetam nos seus discursos de 9 de maio, dia em que o país celebra a vitória sobre a Alemanha nazi em 1945. O exército russo nem sequer conseguiu conquistar Bakhmut, cidade de média dimensão no Donbas, onde perdeu milhares de homens, tal como a Ucrânia.