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Guerra na Ucrânia

Rússia e NATO: quem pode resistir por mais tempo?

Para Putin, a invasão da Ucrânia é uma causa a qualquer custo e sem limitações de tempo. Para Kiev, o tempo traduz-se em desmobilização social, sofrimento das economias aliadas e apatia dos governos. Pode Moscovo beneficiar de prolongar por anos uma guerra que queria ver resolvida em poucos dias? Vários fatores indicam que sim

Soldados russos em Volnovakha, na província ocupada de Donetsk
Sefa Karacan/Anadolu/Getty Images

Pequenos progressos a grande custo mostram como as tropas russas tiveram de mudar a forma de combater numa questão de meses: deixaram de dar ênfase à artilharia e aos veículos blindados e passaram a apostar em mais ataques de infantaria desmontada. O desgaste do equipamento é uma pedra cada vez mais bicuda no sapato de Moscovo. Canhões e tanques perdidos, munições a escassear e a reserva de projéteis a ditar a cadência dos gastos militares no terreno são indicadores de que a Rússia vê estreitar-se a possibilidade de novas ofensivas.

Para os analistas militares ocidentais, que contavam com a desmoralização dos militares russos, a única forma de a Ucrânia e a Federação Russa chegarem a acordo político é deixar Moscovo numa posição em que simplesmente não veja a continuação da guerra como benéfica. Mas se para a Ucrânia permanecer na luta é questão de sobrevivência, para a Rússia o conflito é como o oxigénio do regime. Não é caso único; muitos conflitos internacionais desenvolvem-se precisamente quando os líderes ficam ansiosos com a transferência de poder e tentam impedir revoluções internas exteriorizando tensões políticas.