Depois da anexação da Crimeia, a invasão da Ucrânia, em larga escala, surpreendeu o mundo, a 24 de fevereiro de 2022. Perante a reação internacional frouxa, em 2014, Moscovo avançou, anos mais tarde, para um plano mais ambicioso. Ambos os acontecimentos pareciam irracionais, contudo, a avaliar pela surpresa dos analistas que seguiam de perto a política externa russa.
Num recente documentário em três partes, da BBC, intitulado “Putin vs The West”, Ben Wallace, ministro britânico da Defesa, rememora a sua última reunião com um alto comando russo em Moscovo, a 11 de fevereiro de 2022, quando tentou alertar o Kremlin contra a invasão. O encontro foi infrutífero, e, quando a delegação britânica estava a abandonar a sala, Valery Gerasimov, o general elevado a Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Russas e vice-ministro da Defesa, disse: “Nunca mais seremos humilhados. Costumávamos ser o quarto Exército do mundo, agora somos o número dois. Agora é a América e nós.”
Mas os russos já não têm argumentos para se gabarem de serem o “segundo Exército do mundo”, ou de possuírem as forças mais profissionais e atualizadas, nem mesmo nos mais inflamados programas de televisão estatal que veiculam a propaganda do regime. Se há aspeto que surpreendeu os analistas foi o estado em que demonstraram estar as Forças Armadas russas.