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Guerra na Ucrânia

“A propaganda russa funciona e o regime de Putin é muito mais estável do que algumas pessoas gostariam de acreditar”

Apesar de o Estalinismo e a antiga União Soviética terem ficado manchados pela violência e pela opressão, a socióloga russa Dina Khapaeva encontra no comunismo do seu país uma espécie de desígnio e de construção narrativa com significado. O “Putinismo”, pelo contrário, fica para a História pela ausência de bússola intelectual para nortear a sua ideologia. A propaganda do Kremlin continua, porém, a resultar, garante a investigadora, que explica porquê

ALEXANDER NEMENOV/GETTY IMAGES

A “cultura da morte” marcou a era de liderança nazi na Alemanha, mas também o Estalinismo, e agora irrompeu por todos os aspetos que moldam a mentalidade coletiva russa. Dina Khapaeva, socióloga russa que leciona na Escola de Línguas Modernas do Instituto de Tecnologia da Geórgia, dedicou à Federação Russa duas obras sobre o culto da morte sem barreiras, da cultura popular à política. Em entrevista ao Expresso, a investigadora reflete sobre a carência de lógica e de coerência dos ideólogos do Kremlin, que, com um vazio de ideias, recorrem à reciclagem de ideias antigas. Do neomedievalismo à re-Estalinização, por que funciona então a propaganda russa? Dina Khapaeva recorre ao “fatalismo russo”, tornado “clichê” para resolver o enigma de difícil resposta.