Depois de o sol se pôr, Viktoria tinha de acender duas velas para conseguir ver o filho. Às vezes havia jantar, outras só pickles de couve. Na escuridão da garagem onde se abrigaram das bombas ao longo de 15 dias, sem luz, aquecimento, água corrente e rede no telemóvel, mãe e filho pensavam só em fugir, mas lá fora a batalha fazia-se mais intensa. Numa manhã calma, saíram do abrigo e foram dar com o 9º andar onde viviam negro e oco, consumido pelo fogo.
Viktoria Nikolaevna Popova e o filho, de 33 anos, que pediu anonimato, são de Mariupol. Tiveram de fugir, mas não puderam escolher para onde. O filho mais novo de Viktoria, membro do Batalhão Azov, ficou encarcerado na metalúrgica Azovstal até 21 de maio. Nem mãe nem irmão tinham forma de o ajudar e, por isso, partiram, num autocarro apinhado, para as chamadas zonas de “filtragem”, edifícios públicos em zonas controladas pela Rússia onde quem foge da Ucrânia é interrogado para determinar o seu nível de hostilidade à “operação especial”.