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Guerra na Ucrânia

Os espiões russos infiltrados em Kiev – ou como Zelensky demitiu um amigo de infância para “purificar” a Ucrânia

Moscovo está infiltrado no Estado ucraniano desde sempre, e a espionagem a favor da Rússia ajudou a anexar a Crimeia em 2014 e a ocupar cidades como Kherson no início da guerra. Zelensky quer afastar "traidores" e incompetentes, e por isso é provável que demissões, detenções e investigações continuem. Mas não podem ser feitas a qualquer custo: "Se o país quiser aderir à UE, tem de dar garantias de independência judicial"

KIRILL KUDRYAVTSEV

Volodymyr Sivkovych e Oleh Kulinich: estes são os últimos nomes na longa lista de altos responsáveis do Estado ucraniano que nos últimos meses foram presos ou demitidos por suspeitas de colaborarem com a Rússia. Ambos foram detidos há poucos dias, acusados de criar uma rede de espionagem para partilhar informação sensível com o invasor: o primeiro tinha sido o número dois do Conselho de Segurança ucraniano, o segundo era o braço direito do responsável pelos serviços de segurança na Crimeia.

Volodymyr Zelensky disse que a decisão faz parte do processo de “auto-purificação” da Ucrânia. Desde que a guerra começou, Kiev já abriu mais de 800 processos criminais contra cidadãos ucranianos acusados de traição. O número foi referido esta quarta-feira num comunicado dos Serviços de Segurança da Ucrânia (SSU), pouco tempo depois deste serviço ter ficado sem chefe: Ivan Bakanov, amigo de infância de Zelensky, foi primeiro suspenso do cargo por ordem presidencial e depois demitido pelo Parlamento.