Exclusivo

Guerra na Ucrânia

Roman, o ucraniano que transformou a sua empresa num centro de apoio a refugiados e prepara o sexto voo humanitário a partir de Portugal

Veio para Portugal há quase 20 anos, começou como trolha, e chegou a dormir na rua. Hoje é dono da maior empresa do país de construção em alpinismo, cuja sede em Lisboa está transformada num centro para doar bens e acolher refugiados da Ucrânia, garantindo-lhes emprego, casa onde ficar ou escola para os filhos

O empresário ucraniano Roman Kurtysh fundou a associação Ukrainian Refugees UAPT, que funciona na sede da sua empresa de construção nas Olaias. Já organizou cinco voos humanitários que trouxeram 1500 refugiados a Portugal
José Fernandes

Sentiu o coração quase a parar quando os seus piores receios se concretizaram, a 24 de fevereiro, o dia em que a Rússia bombardeou Kiev, num sinal claro de invasão ao seu país pela força das armas.

"Vi as primeiras notícias, estupefacto, o que mais me tocou foi a quantidade de mulheres a fugir, com crianças ao colo, em condições tão duras, numa altura em que caía neve na Ucrânia. Isto mexe por dentro de uma forma que não há palavras para descrever", conta Roman Kurtysh, empresário ucraniano que vive há quase 20 anos em Portugal.

Roman Kurtysh não teve muito tempo para ficar em choque - sentiu que tinha de partir logo para a ação e ajudar o mais possível o seu país em guerra, à distância, e em múltiplas frentes. Em dois dias mobilizou todos os contactos que tinha e fundou a associação Ukhrainian Refugees UAPT, transformando a sede da sua empresa de construção em Lisboa, na zona das Olaias, num centro completo para acolher refugiados ucranianos, e também para recolha de doação de bens.