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Guerra na Ucrânia

Relatos da guerra: “É a história do genocídio de um povo”

Mykola foi sequestrado por soldados russos. Nataliia só não quer que o marido seja encontrado morto

As tropas russas partiram mas deixaram um rasto de cadáveres de civis nos arredores de Kiev
RUI DUARTE SILVA

Catarina Brites Soares

Mykola Volodymyrovych tem 51 anos. A mulher, 49. E a filha, 22. Até 24 de fevereiro eram mais uma família ucraniana, conta Nataliia Tkachyk. Deixaram de o ser com a invasão russa. Mãe e filha estão refugiadas na Polónia. De Kolya, como lhe chamam os íntimos, ignora-se o paradeiro. A família perdeu-lhe o rasto desde que foi raptado.

“A última vez que falámos foi a 26 de março. A 28 ligaram-me a comunicar que fora levado por tropas russas. A 2 de abril, os soldados ucranianos evacuaram a aldeia para limpá-la das bombas e minas que os russos deixaram. Os habitantes foram transferidos para Kiev, onde voltaram a ter rede. Foi quando me ligaram”, conta. Kolya e o casal de moradores, com os pais de um deles, foram retidos na casa de Nataliia, alinhados de joelhos e interrogados ao som de disparos. “Pelo que contou, tenho as paredes cheias de buracos de balas. Destruíram quanto puderam.”