20 de setembro de 2001. No rescaldo do "ataque ao coração e à alma do mundo civilizado", nove dias antes, George W. Bush declarava, sem palavras frouxas, guerra ao terrorismo (a um tipo de atuação e não a um Estado). Dizia esperar - sem profecias - que esta fosse a única guerra do século XXI. "A nossa guerra ao terror começa com a Al Qaeda, mas não termina com ela. Não acabará até que todos os grupos terroristas de todo o mundo tenham sido encontrados, detidos e derrotados." No Afeganistão e no Iraque, foram iniciados conflitos, não ao abrigo de uma declaração formal de guerra, mas sem que a imprensa, a sociedade civil e todo o espectro político ignorassem que era isso que estava em causa.
Exclusivo
Depois de 1945, declarou-se guerra à palavra "guerra", mas "em nenhuma desta escala um agressor se recusou a falar em guerra tanto tempo"
A declaração de guerra só se normaliza a partir do momento em que há uma centralização do poder do Estado, que acontece na época moderna, e formaliza-se no direito internacional com a criação do Estado liberal no século XIX. A partir de 1945, e em especial durante a Guerra Fria, dizer "guerra" com todas as letras tornou-se incómodo para os líderes mundiais, mas nenhuma narrativa é comparável com aquela que é usada pela Rússia para se referir à invasão total da Ucrânia, dizem os historiadores