A comunidade russa a viver em Portugal queixa-se de estar a ser alvo de bullying por parte de portugueses e ucranianos a viver em Portugal desde o início da ofensiva na Ucrânia. Anna Pogrebtsova, 42 anos, presidente da associação russa “Pushkin”, revela que recebeu um telefonema anónimo à 1h da manhã de sexta-feira com alguém a gritar-lhe ao telefone: “Vocês têm de morrer. Todos os russos são agressores.” Os telefonemas em tons ameaçadores repetiram-se no dia seguinte.
A associação criou um grupo de WhatsApp “anti-bullying”, que tem recebido queixas de cidadãos russos um pouco por todo o país, e que aumentaram exponencialmente nos últimos dias. “Temos recebido denúncias de ameaças. De um dia para o outro começámos a ser alvo de todo o tipo de discriminação”, acusa. “Temos de nos unir e aguentar.”
Esta cidadã russa garante: “Muitas destas ameaças são de ucranianos a viver em Portugal.”
O grupo tem partilhado imagens de um menu de um restaurante onde se pode ler “russos fora de serviço”, ou piadas que circulam na Internet onde o primeiro-ministro diz que irá “proibir as saladas russas nas cantinas como protesto”.
Para Anna Pogrebtsova, esta onda anti-russa é muito injusta para toda a comunidade. “Temos contribuído para o desenvolvimento da economia portuguesa. Durante os piores incêndios em Portugal, o país pôde contar com a ajuda de equipas russas no combate aos fogos.”
Anna Pogrebtsova vive em Portugal há quase duas décadas e diz nunca ter sentido este tipo de perseguição. “Nós não tivemos voto nesta matéria da guerra. Não queremos a guerra mas também não queremos ser discriminados desta maneira. E porquê? Isto é uma vergonha para a sociedade portuguesa.”