Pelo menos 157 pessoas foram detidas este domingo à noite em França — a quinta noite de tumultos desde que Nahel Merzouk, um adolescente de ascendência norte-africana com 17 anos, foi morto pela polícia nos arredores de Paris. Segundo a informação avançada pelo Ministério do Interior francês e citada pela agência Reuters, na noite de sábado foram detidas 700 pessoas e na sexta-feira mais de 1300.
Um bombeiro de 24 anos morreu esta noite enquanto combatia o fogo que consumia vários carros em Saint-Denis, Paris. “Um jovem cabo do corpo de bombeiros de Paris morreu, apesar da resposta muito rápida da equipa [que integrava]”, declarou o ministro do Interior, Gérald Darmanin, no Twitter, acrescentando que o incidente ocorreu num “parque de estacionamento subterrâneo”.
Durante os confrontos que ocorreram em vários locais do país como forma de protesto contra a morte do jovem Nahel Merzouk e contra a discriminação, violência policial e racismo sistémico, três dos cerca de 45 mil polícias que foram destacados na última noite ficaram feridos. E de acordo com a mesma tutela, cerca de 350 edifícios e 300 veículos foram danificados.
A avó de Nahel M. já veio apelar à calma, dizendo que parte dos manifestantes estão a usar a morte do neto como uma desculpa para destruir o país. “Quero que tudo isto acabe. Peço às pessoas que estão a destruir coisas que parem. Não destruam as escolas. Não destruam os autocarros”, afirmou Nadia em declarações ao canal de notícias francês BFMTV.
Nahel Merzouk morreu na última terça-feira às mãos da polícia francesa numa operação de controlo de trânsito. Segundo as autoridades, o adolescente estava a conduzir na faixa dos autocarros, tendo sido mandado parar pela polícia, mas não obedeceu à ordem. O agente da polícia suspeito da morte do jovem está acusado de homicídio e em prisão preventiva.
Entretanto, o Presidente francês Emmanuel Macron, a primeira-ministra Élisabeth Borne, e sete ministros do Governo reuniram-se no domingo à noite numa reunião de emergência para abordar os tumultos desencadeados pelo assassinato do jovem.
Na reunião, que não estava incluída na agenda presidencial, foi feito um “ponto da situação” e uma “atualização da situação”, informaram fontes do Eliseu citadas pela imprensa francesa e pelas agências internacionais.
O encontro, com a presença de sete ministros, serviu para sublinhar a “firmeza” e a unidade do Governo ace à violência que emergiu nas principais cidades do país desde a passada terça-feira.
Esta segunda-feira, Macron deverá reunir-se com os presidentes do Senado (câmara alta do Parlamento francês), Gérard Larcher, e da Assembleia Nacional (câmara baixa), Yaël Braun-Pivet. Já na terça-feira, o chefe de Estado francês irá receber no Eliseu cerca de duas centenas de autarcas dos municípios afetados pelos tumultos dos últimos dias.