O líder do Partido Popular (PP, direita) e da oposição em Espanha acusou este domingo o Governo de Pedro Sanchéz de instigar os protestos pró-Palestina que levaram ao cancelamento da última etapa da Volta a Espanha em bicicleta de 2025.
"O Governo permitiu e induziu a não finalização da Vuelta e, dessa forma, um ridículo internacional transmitido pela televisão em todo o mundo", afirmou o presidente do PP, Alberto Núñez Feijóo, numa publicação nas redes sociais.
Duas pessoas foram detidas após os incidentes que fizeram cancelar a 21.ª etapa da prova, que culminaria num circuito em Madrid que foi invadido por manifestantes pró-Palestina, causando ferimentos a 22 polícias.
Segundo indicaram fontes policiais à agência noticiosa EFE, os dois detidos foram identificados por desordem pública nos momentos que se viveram nas várias manifestações que causaram disrupção no percurso da etapa da Vuelta, que acabou por ser cancelada pela organização, assim como as cerimónias de pódio.
Os 22 polícias feridos sofreram contusões ao serem atingidos com objetos e com o derrube das baias de proteção do recinto desportivo, protegido por um forte dispositivo policial composto por 1.100 agentes e 400 guardas civis.
A etapa, que chegaria à praça Cibeles, foi interrompida a 56 quilómetros da meta devido a esta invasão das ruas por manifestantes solidários com a causa palestiniana, denunciando "o genocídio" de Israel em Gaza, além de serem contrários à participação da Israel-Premier Tech na corrida.
Embora o dispositivo de segurança na capital espanhola fosse o maior de sempre num evento desportivo e o maior desde a cimeira da NATO, em 2022, ninguém conseguiu travar os manifestantes, em protesto contra a presença da equipa Israel-Premier Tech.
Ficou sem pódio o dinamarquês Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), campeão da Vuelta, assim como o segundo classificado, o português João Almeida (UAE Emirates), no melhor resultado da carreira em grandes Voltas.
Para o líder da oposição, o primeiro-ministro Pedro Sánchez, deve estar orgulhoso dos manifestantes que "lançaram barreiras" à polícia e colocaram em causa a segurança "do pessoal da organização [da volta], corredores e jornalistas".
Durante a manhã, antes do início da etapa da Vuelta que não chegou a terminar, Sánchez manifestou "admiração pelo povo espanhol que se mobiliza por causas justas como a da Palestina", referindo-se em concreto aos protestos que marcaram a prova desde o primeiro dia, inicialmente focados contra a participação da equipa israelita Israel-Premier Tech.
Depois do cancelamento da última etapa da Vuelta deste ano, a ministra do Trabalho e uma das vice-presidentes do Governo, Yolanda Díaz, considerou que os protestos deste domingo e durante toda a prova são "um exemplo de dignidade" perante "o genocídio em Gaza".
Israel não deveria participar em nenhum evento desportivo ou cultural, defendeu ainda Yolanda Díaz, numa publicação nas redes sociais, repetindo uma posição que já manifestaram outros ministros e até Pedro Sánchez.
Yolanda Díaz é dirigente do Somar, um partido de esquerda que integra a coligação que está no Governo de Espanha, e foi proibida de entrar em Israel na semana passada pelo executivo de Telavive.
Além do líder do PP, também a presidente do governo regional de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, e o presidente da câmara da capital espanhola, Jose Luis Martinez-Almeida, do mesmo partido, responsabilizaram o Governo nacional pelos protestos e o cancelamento da última etapa da Vuelta, prova que o português João Almeida terminou em segundo, apenas atrás do dinamarquês Jonas Vingegaard.
"Que dano para o nosso desporto e para o nosso país", disse Ayuso.
"O que vimos na nossa cidade não é uma manifestação. Madrid foi testemunha de uma violência que colocou em perigo os participantes de uma competição desportiva, os milhares de madrilenhos que queriam desfrutar da Volta a Espanha em Bicicleta e também os membros das forças e corpos de segurança do Estado"; afirmou Martinez-Almeida, que exigiu a Sánchez que condene o ocorrido na capital espanhola.