Eleições americanas 2024

A crescente pressão para a desistência de Biden: 13 momentos que marcaram as últimas três semanas

Entre gafes, pedidos de afastamento ou garantias de plenas capacidades, o cerco ao Presidente dos Estados Unidos acabou por se apertar ao longo dos últimos dias – muitas vezes com o contributo dos próprios democratas. O Expresso preparou uma cronologia que reúne os acontecimentos mais relevantes

As dificuldades começaram a aumentar para Joe Biden desde a prestação no debate com Donald Trump
Justin Sullivan

Desde o debate no final de junho com Donald Trump, em que não conseguiu atingir a prestação que desejava, a vida de Joe Biden não tem sido fácil. Os pedidos para que pondere ou mesmo desista da candidatura às eleições norte-americanas de 5 de novembro tornaram-se insistentes, abrangendo tanto angariadores de fundos como meios de comunicação social e os próprios democratas. Pelo caminho, o Presidente de 81 anos foi repetindo a vontade e a competência para continuar.

1.

27 de junho

Na primeira vez em que um Presidente e um antigo Presidente dos Estados Unidos estiveram frente a frente num debate de campanha eleitoral, Biden surgiu com voz rouca e pouca energia, atrapalhando-se em vários momentos. Dias depois, reconheceu estar cansado devido a várias viagens ao estrangeiro, mas garantiu ser o “mais qualificado” para o cargo.

2.

28 de junho

No rescaldo do debate, dois pesos pesados do Partido Democrata saíram em defesa do Presidente. Hillary Clinton, derrotada por Trump em 2016, escreveu na rede social X que a escolha é “muito simples”: entre “alguém que se preocupa convosco” e “alguém que só está nisto por si mesmo”. O antigo Presidente Barack Obama relembrou, na mesma rede social, que “más noites de debate acontecem”.

3.

28 de junho

Num editorial, o “The New York Times” apela a que o candidato democrata abandone a corrida. O diário norte-americano refere que, apesar de ter sido “um presidente admirável”, Biden “falhou no próprio teste”, surgindo no debate como “a sombra de um grande servidor público”. No mesmo dia, o “The Washington Post” enumera “dez opções” para uma possível substituição.

4.

2 de julho

Ao longo dos últimos dias, foram vários os democratas a duvidar da capacidade de Biden derrotar Trump. O “The Washington Post” contabilizou um total de 30 no Congresso – incluindo quatro independentes que se juntam aos democratas – a defenderem explicitamente a desistência. Lloyd Doggett foi o primeiro, logo a 2 de julho.

5.

10 de julho

A antiga presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, alerta que o tempo está a chegar ao fim. “Cabe ao Presidente decidir se vai concorrer. Estamos todos a encorajá-lo a tomar essa decisão, porque o tempo está a esgotar-se. Ele é amado, é respeitado e as pessoas querem que ele tome essa decisão”, afirmou numa entrevista televisiva.

6.

10 de julho

No mesmo dia, um grande angariador de fundos para os democratas defende que Biden “não pode vencer a luta contra o tempo”: George Clooney escreveu num artigo publicado no “The New York Times” que, apesar de o “adorar”, é necessário um “novo candidato”. Outras personalidades que costumam fazer donativos aos democratas, como Abigail Disney – herdeira da fortuna da família Disney – ou o empresário Gideon Stein, também vieram pressionar para que abandonasse a corrida à Casa Branca.

7.

11 de julho

Durante uma cerimónia de assinatura de um acordo de segurança entre a NATO e a Ucrânia, no último dia da cimeira da Aliança Atlântica, Biden enganou-se ao apresentar o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chamando-lhe “Presidente Putin”. Apercebeu-se logo do lapso e corrigiu: “Vamos derrotar o Presidente Putin”. Na mesma noite, cometeu mais uma gafe, ao confundir a vice-presidente Kamala Harris com Donald Trump numa resposta em conferência de imprensa.

8.

12 de julho

Num comício em Detroit, Biden assegura que não desiste. “Vou candidatar-me e vamos ganhar. Sou o candidato do Partido Democrata. O único democrata ou republicano que já derrotou Donald Trump. E vou vencê-lo outra vez. Eu conheço-o. Donald Trump é um falhado”, declarou.

Joe Biden a discursar no comício em Detroit
Anadolu

9.

13 de julho

Trump é alvo de uma tentativa de assassinato durante um comício de campanha na Pensilvânia. Analistas ouvidos pelo Expresso consideram que este episódio vai favorecer o candidato republicano, mas que também pode ajudar a diminuir o ruído em torno de Biden.

10.

17 de julho

As preocupações com o estado de saúde de Biden não são novas, mas a equipa médica tem garantido que o Presidente é um homem saudável. Biden admite, numa entrevista televisiva na quarta-feira, que ponderaria desistir no caso de surgir um “problema de saúde”. No mesmo dia em que foi divulgada a entrevista, apresenta “sintomas ligeiros” e é diagnosticado com covid-19, ficando em isolamento em Delaware.

11.

18 de julho

Desta vez, Nancy Pelosi diz a Biden, numa conversa privada, que as sondagens mostram que não pode derrotar Trump e que o atual Presidente pode destruir as hipóteses de vitória dos democratas em novembro se continuar a tentar um segundo mandato, revelaram quatro fontes à CNN. Biden não gostou.

12.

18 de julho

Em conversas privadas com pessoas próximas, Barack Obama terá sublinhado que a decisão sobre o futuro da candidatura de Biden cabe ao próprio, mas mostra-se preocupado com a diminuição da possibilidade de vitória, e também com o legado do Presidente, ao mesmo tempo que rejeita que só ele pode influenciar o processo de decisão.

13.

18 de julho

Perante o aumento das pressões, Biden terá começado a aceitar a ideia de que a vitória pode não estar ao seu alcance em novembro, avançaram nesta quinta-feira várias pessoas próximas do Presidente ao “The New York Times”. Uma das fontes disse mesmo que não seria uma surpresa se Biden fizesse um anúncio a apoiar Kamala Harris como sua substituta.