O Governo dos Estados Unidos apresentou um recurso no Supremo Tribunal do país para demitir Lisa Cook, governadora da Reserva Federal – órgão equivalente a um banco central – após uma nova derrota na Justiça, que negou, mais uma vez, a demissão, noticia o jornal “The New York Times”.
Agora, Trump pede para a última instância da Justiça do país lhe garantir o direito de demitir Cook. O Presidente entende que há motivo para a saída da governadora, justificando-se com uma alegada fraude de hipotecas realizada pela economista.
Cook não foi indiciada por nenhum crime e entende que o Governo não pode determinar a sua demissão.
Nestes primeiros meses do seu novo mandato, Trump tem tentado recorrentemente aumentar o poder presidencial e já garantiu vitórias importantes, conseguindo a autorização do Supremo Tribunal para demitir provisoriamente líderes de agências independentes.
O caso da Reserva Federal é, contudo, diferente. Os juízes já indicaram que o órgão tem uma jurisdição única que impede interferências do Governo.
Mesmo assim, Trump insiste que a alegada fraude lhe confere o direito de demitir Lisa Cook. Esta não é a primeira tentativa de controlo do republicano relativamente ao banco central. O Presidente já criticou publicamente o órgão, pedindo uma redução das taxas de juro.
Em julho, disse estar “surpreendido” por Jerome Powell, presidente da Reserva Federal, ter sido indicado para o cargo, esquecendo-se que essa indicação foi feita em 2017 pelo próprio Trump no seu primeiro mandato.
O recurso da administração americana ao Supremo ocorre após duas derrotas noutras instâncias. No dia 9 de setembro, um tribunal distrital de Washington bloqueou temporariamente a demissão. O juiz alegou que Cook não poderia ser demitida por ações anteriores à sua nomeação para a Reserva Federal e que não tinham relação com a sua conduta profissional.
O Governo optou então por apelar a outro tribunal, que também negou a demissão imediata por dois votos contra um. Apesar disso, o Senado americano confirmou Stephen Miran, conselheiro económico de Trump, para o Conselho de Governadores da Reserva Federal.