O jornal “The New York Times” cita esta quarta-feira um aliado (que fala sob anonimato) próximo de Joe Biden a quem o Presidente terá confidenciado que está a “ponderar seriamente” afastar-se da corrida eleitoral caso não seja capaz de recuperar da prestação no debate presidencial da passada semana.
Entretanto, a porta-voz da Casa Branca já veio desmentir esta notícia e dizer que Biden continua determinado na candidatura às eleições de novembro.
Após uma fraca (e preocupante, para apoiantes e doadores democratas) prestação de Joe Biden no referido debate, a contenção de estragos — desdobraram-se vozes de apoio, de Barack Obama à mulher Jill Biden, que reconheceram a fragilidade do Presidente mas destacaram que é um político honesto e capaz — não parece ter surtido resultados particularmente animadores.
Ainda que esta fonte aliada de Joe Biden garanta que o Presidente norte-americano “ainda está profundamente empenhado na luta pela reeleição”, a decisão, se continua ou se se afastará, será tomada nos próximos dias, muito com base no que resultar (desde logo à análise da performance) da entrevista desta sexta-feira à ABC e dos comícios marcados para a Pensilvania e Wisconsin, no fim-de-semana.
“Ele sabe que se tiver mais eventos como aquele [debate], estaremos num lugar diferente”, disse aquela fonte ao jornal — jornal esse que, refira-se, tem pressionado publicamente Biden a sair da corrida eleitoral, considerando num muito crítico editorial que isso era “o maior serviço público” que Biden podia prestar.
Enquanto o financiamento da sua campanha continua atrasado em muitos milhões de dólares em relação à dos republicanos, e numa altura em que a sondagem mais recente (feita pela CBS) coloca Trump na frente das intenções de voto tanto a nível nacional (50 para 48%) como nos decisivos ”battleground states” (51 para 48 por cento), também um importante conselheiro de Biden, novamente sob condição de anonimato, frisou ao “The New York Times”que Biden “está bem ciente do desafio político que enfrenta” se continuar a claudicar em público.
Na passada semana, outro jornal, o “Washington Post”, lembrou que Joe Biden só se afastará por sua vontade, com o seu “necessário consentimento”, uma vez que “detém quase todos os delegados na Convenção Nacional Democrata de agosto”. O mesmo “Washignton Post” já atirou um rol de segundas escolhas para candidato presidencial democrata que incluem, entre outros, a vice-Presidente Kamala Harris, a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, e o secretário dos Transportes, Pete Buttigieg, todos considerados mais “vencedores” ou “talentosos” do que Biden no seu duelo com Trump.
Enquanto faz e não faz um balanço no final da semana, já ontem, terça-feira, Biden fez um novo mea culpa, garantindo que não “deu ouvidos” aos seus conselheiros e enfrentou o debate após ter feito “várias viagens pelo mundo”, razão pela qual aparentou grande cansaço. “"Isto não é uma desculpa, mas uma explicação”, atirou.