China

Hong Kong anuncia mais uma detenção sob a acusação de suspeita de apoio a ativistas estrangeiros

A polícia ofereceu uma recompensa equivalente a 117 milhões de euros a quem dê qualquer informação sobre ativistas políticos refugiados no estrangeiro. Vários governos ocidentais criticaram esta medida, mas John Lee, o líder de Hong Kong, afirmou que os ativistas procurados serão “perseguidos para o resto da vida”

JEROME FAVRE/EPA

A polícia de Hong Kong deteve na quinta-feira mais uma pessoa acusada de apoiar ativistas estrangeiros que alegadamente colocavam em perigo a segurança nacional, informaram hoje as forças de segurança.

A polícia deteve o homem de 24 anos no aeroporto da cidade, um dia depois de quatro pessoas terem sido detidas por alegadamente utilizarem empresas, redes sociais e aplicações móveis para receber fundos para os ativistas estrangeiros.

"A investigação mostro que a pessoa detida era suspeita de ter ligações com o grupo de pessoas detidas ontem [quinta-feira]", declarou a polícia num comunicado. Os cinco suspeitos não foram identificados.

Os meios de comunicação social locais, incluindo o South China Morning Post e o jornal pró-Pequim Wen Wei Po, identificaram o homem recentemente detido como Chu Yan-ho, um antigo membro do agora extinto partido pró-democracia Demosisto, co-fundado pelo ativista britânico Nathan Law.

Os outros quatro homens são também antigos membros do Demosisto, incluindo o antigo presidente Ivan Lam.

As detenções ocorreram depois de a polícia ter obtido mandados de captura para oito ativistas sediados no estrangeiro, incluindo Law, ao abrigo da Lei de Segurança Nacional imposta por Pequim, e ter oferecido uma recompensa de um milhão de dólares de Hong Kong (117 mil euros) por informações que levassem à detenção de cada um deles.

As recompensas anunciadas são as primeiras ao abrigo da lei, promulgada em 2020 na sequência de grandes protestos pró-democracia, no ano anterior.

Os mandados de captura contra os oito foram rapidamente criticados por governos ocidentais, que contestaram a aplicação extraterritorial da lei de segurança. Mas o líder de Hong Kong, John Lee, afirmou que os oito, que vivem nos Estados Unidos, na Austrália, no Canadá e no Reino Unido, serão perseguidos para o resto da vida.

Estas medidas contribuíram para aumentar a repressão generalizada de Pequim contra os dissidentes ao abrigo da lei de segurança. As autoridades de segurança nacional detiveram mais de 260 pessoas, incluindo muitos dos principais ativistas pró-democracia da cidade.

No comunicado da polícia indica-se que o homem foi detido na quinta-feira por suspeita de conspiração com forças estrangeiras para cometer atos com intenções sediciosas. As autoridades não excluem a possibilidade de novas detenções.

Muitos jovens ativistas proeminentes eram membros da Demosisto, liderado por Law e pelo antigo líder estudantil Joshua Wong. A organização foi dissolvida em 30 de junho de 2020, no mesmo dia em que foi promulgada a lei da segurança.