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Três anos depois da retirada dos EUA, o Afeganistão é uma “distopia” em que a prioridade do Governo talibã é “subjugar” as mulheres

Com as mulheres silenciadas e oprimidas, o espaço para a violência amplia-se. Os homens são educados a desprezar as mulheres e punidos pelas suas infrações. Ao mesmo tempo, ressurgem células terroristas. Três anos após a retirada dos EUA e da NATO e a tomada do controlo do executivo, os talibãs dizem ter o apoio informal de Rússia e a China

Mulheres cobertas com burca no mercado de Kandahar
WAKIL KOHSAR

Nas vésperas da retirada das tropas ocidentais de Cabul, em agosto de 2021 – completada em rigor no dia 30 de agosto, faz esta sexta-feira três anos –, o Afeganistão era um lugar onde havia muitas, e enormes, dificuldades, admite Expresso Heather Barr, diretora associada da Divisão de Direitos das Mulheres da Human Rights Watch (HRW). “Havia enormes níveis de pobreza. Os direitos das mulheres não estavam em boa situação. Havia enormes problemas com a corrupção, e muitos problemas com violações dos direitos humanos por parte do Estado, incluindo atos de tortura. Mas o que era radicalmente diferente de hoje é que havia um sentimento de que se estava numa trajetória geral positiva, que os direitos das mulheres eram mais respeitados ano após ano.”