Ao fim de oito dias, as equipas de salvamento continuam a resgatar pessoas dos escombros: esta terça-feira mais três vítimas foram salvas com vida na Turquia, concretamente na província de Adiyaman e em Kahramanmaras, perto do epicentro do terramoto que assolou a Turquia e a Síria na semana passada.
As três pessoas resgatadas têm menos de 21 anos. Muhammed Cafer, com 18, foi retirado dos escombros de um prédio no sul da Turquia, relata a CNN Türk. E dois irmãos — Muhammed Enes Yeninar, de 17 anos, e Baki Yeninar, de 21 — foram resgatados de um edifício em ruínas e levados para o hospital, segundo a agência de notícias turca Anadolu.
O balanço mais recente, avançado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) esta segunda-feira à tarde, indica que o duplo sismo de 7,8 e de 7,5 na escala de Richter, respetivamente, provocou até agora quase 41 mil mortes: 31.643 mortos na Turquia e cerca de 9300 na Síria. As Nações Unidas já alertaram que o número de vítimas pode duplicar, uma vez que continuam a ser resgatadas pessoas.
Na Síria, o Presidente Bashar al-Assad concordou em abrir dois novos postos fronteiriços entre a Turquia e o nordeste do país, durante três meses, de modo a facilitar a entrega de ajuda humanitária. As zonas mais afetadas pelo sismo são controladas pela oposição e pelos extremistas islâmicos — em guerra com o regime de Assad desde 2011 —, o que dificulta o acesso das equipas que prestam assistência humanitária.
A decisão foi elogiada por António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que afirmou em comunicado: “Saúdo a decisão do Presidente sírio Bashar al-Assad de abrir as duas travessias de Bab Al-Salam e Al Ra'ee entre a Turquia e o noroeste da Síria, por um período inicial de três meses”.
Entretanto, o Governo de Assad voltou a pedir o fim das sanções implementadas pelo Ocidente na sequência da guerra civil de 2011, por considerar que estão a prejudicar a entrega de ajuda humanitária. Esta segunda-feira, num encontro com o enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, o ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Faisal al-Mekdad, pediu o levantamento de “todas as medidas coercivas unilaterais”.
Al-Mekdad garantiu ainda que o regime do Presidente sírio vai prestar assistência às pessoas afetadas pelos sismos “em todas as áreas, sem discriminação” — referindo-se aos territórios que são controlados por rebeldes. O enviado da ONU Geir Pedersen ficou “satisfeito ao ouvir as garantias do Governo sírio de que apoiarão o trabalho” que estão a realizar em todo o país.
Já na Turquia, a UNICEF alertou esta terça-feira que mais de um terço da população afetada pelos tremores de terra tem menos de 17 anos. E dos cerca de 15 milhões atingidos pelos sismos existem mais de 214 mil mulheres grávidas. Deste número, quase 24 mil devem dar à luz em março, o que significa que “as futuras mães precisam de apoio com cuidados obstétricos de emergência e cesarianas e assistência pré e pós-natal”, lembrou a agência da ONU dedicada à proteção das crianças.